18 outubro 2011

Conto LIV

Desabafo


Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa: a senhora deveria trazer sacos para as compras, uma vez que os sacos de plástico não são amigos do ambiente. A senhora pediu desculpa e disse: no meu tempo não havia essa onda verde. O empregado respondeu: esse é precisamente o nosso problema de hoje. A sua geração não se preocupou com o ambiente. Você está certo responde a velha senhora – naquela época, as garrafas de leite de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja que as reencaminhava para a fábrica onde eram lavadas e esterilizadas antes de serem reutilizadas. Realmente não nos preocupávamos com o ambiente. Subíamos as escadas, porque não havia elevadores, caminhávamos até ao comércio em vez de usar o carro, as fraldas de bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis, a secagem era feita através da energia solar e eólica, os meninos usavam as roupas dos irmãos mais velhos. Não havia preocupação com o ambiente. Tínhamos uma televisão ou um rádio em casa, e não uma em cada quarto. E a televisão tinha uma tela do tamanho de um lenço, não do tamanho de um estádio. Na cozinha, tínhamos de bater os bolos com as mãos porque não havia máquinas eléctricas. Quando embalávamos algo frágil para o correio, usávamos o jornal amassado, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Era utilizado um cortador de erva que exigia músculos. Bebíamos directamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos de plásticos e garrafas pet que agora poluem os oceanos. As canetas eram recarregadas com tinta. Abandonávamos as navalhas, em vez de atirá-las para o lixo, só porque a lâmina tinha ficado sem corte, as pessoas apanhavam o autocarro, os meninos iam de bicicleta ou a pé para a escola em vez de usar a mãe como táxi 24 horas por dia. Tínhamos uma tomada em cada quarto e não precisávamos de GPS para encontrar a pizzaria mais próxima.
Moral da História: Não é possível que a actual geração fale tanto de “meio ambiente” sem abrir mão de nada…

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