08 novembro 2011

Conto LVII

O Jovem Caranguejo



Um jovem caranguejo pensou:
- Porque é que na minha família toda todos andam para trás? Tenho que aprender a andar para a frente e tenho que conseguir. Começou a exercitar-se às escondidas. Nos primeiros dias custava-lhe muito. Tropeçava em tudo, amachucava a couraça, as patas pisavam-se umas nas outras. Mas, pouco a pouco, as coisas iam melhorando, porque quando se quer tudo se aprende. Quando já estava seguro de si, apresentou-se à família e disse:
- Prestem atenção. E deu uma corrida para diante. A mãe lamentando-se disse:
- Filho, estás louco? Caminha como o teu pai e eu te ensinámos, anda como os teus irmãos. Os irmãos riam-se à gargalhada. O pai olhou para ele severamente e disse:
- Se queres ficar connosco, caminha como os outros caranguejos. Se não, desaparece daqui e não voltes mais. O caranguejo gostava muita sua família, mas estava convencido de que o importante é caminhar para a frente. Por isso, despediu-se dos familiares e partiu.
Depois de muito andar, viu um velho caranguejo, solitário e junto a uma pedra. O jovem caranguejo disse-lhe:
- Bom dia! O velho observou-o por momentos e depois disse:
- Sabes uma coisa. Eu, quando era jovem, pensava em ensinar os caranguejos a andar para a frente, e olha o que consegui: vivo abandonado por todos. Por isso, enquanto é tempo, escuta o que te digo: resigna-te a fazer como os outros e um dia agradecerás o meu conselho.
O jovem não sabia o que responder e calou-se. Mas no seu íntimo pensava: «Eu tenho razão». E despedindo-se do velho caranguejo, continuou com valentia o seu caminho para diante.
Não sabemos se ainda continua a caminhar com a coragem do primeiro dia. Apenas podemos desejar-lhe de todo o coração:
- Boa viagem…

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