24 setembro 2013

Folha Dominical 33

XX Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’.
Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza.
De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará a um e desprezará a outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».
(Lc 16, 1-13)

Narrando a parábola de um administrador desonesto mas bastante astuto, Cristo ensina aos seus discípulos qual é o modo melhor de utilizar o dinheiro e as riquezas materiais, isto é, dividi-las com os pobres, conquistando assim a sua amizade, em vista do Reino dos céus. “Arranjai amigos com o vil dinheiro para que, quando este faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lc 19,9). O dinheiro em si não é “desonesto”, mas mais do que qualquer outra coisa pode fechar o homem num egoísmo cego. Trata-se portanto de realizar uma espécie de “conversão” dos bens económicos: em vez de os usar só para benefício próprio, é preciso pensar também nas necessidades dos pobres, imitando o próprio Cristo, escreve São Paulo o qual “sendo ricos se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela pobreza” (2 Cor 8, 9). Parece um paradoxo: Cristo não nos enriqueceu com a sua riqueza, mas com a sua pobreza, isto é, com o seu amor que o levou a doar-te totalmente a nós.
Poderia abrir-se aqui um vasto e complexo campo de reflexão sobre o tema da riqueza e da pobreza, também a nível mundial, no qual se confrontam duas lógicas económicas: a lógica do lucro e da distribuição equitativa dos bens, que não estão em contradição uma com a outra, se a sua relação for bem organizada. A doutrina social católica sempre defendeu que a distribuição equitativa dos bens é prioritária. Naturalmente o lucro é legítimo e, na medida justa, é necessário para o desenvolvimento económico.

(Bento XVI, do ângelus de 23 de Setembro de 2007)

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