XXXI Domingo do Tempo Comum – Ano C
Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar
a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos.
Procurava ver quem era Jesus, mas, devido, à multidão, não podia vê-l’O, porque
era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para
ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou
para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua
casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos
murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu
apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus
bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais.»
Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é
filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que
estava perdido».
(Lc 19, 1-10)
5. Gostaria de encorajar a todos para que se façam
portadores da Boa Nova de Cristo e agradeço, de modo especial, aos missionários
e às missionárias, aos presbíteros fidei donum, aos religiosos e às religiosas,
aos fiéis leigos – cada vez mais numerosos – que, acolhendo a chamada do
Senhor, deixaram a própria pátria para servir o Evangelho em terras e culturas
diferentes. Mas queria também sublinhar como as próprias Igrejas jovens se
estão empenhando generosamente no envio de missionários às Igrejas que se
encontram em dificuldade – não raro Igrejas de antiga cristandade – levando
assim o vigor e o entusiasmo com que elas mesmas vivem a fé que renova a vida e
dá esperança. Viver com este fôlego universal, respondendo ao mandato de Jesus
«ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19), é uma riqueza para
cada Igreja particular, para cada comunidade; e dar missionários nunca é uma
perda, mas um ganho. Faço apelo, a todos aqueles que sentem esta chamada, para
que correspondam generosamente à voz do Espírito, segundo o próprio estado de
vida, e não tenham medo de ser generosos com o Senhor. Convido também os
bispos, as famílias religiosas, as comunidades e todas as agregações cristãs a
apoiarem, com perspicácia e cuidadoso discernimento, a vocação missionária ad
gentes e a ajudarem as Igrejas que precisam de sacerdotes, de religiosos e
religiosas e de leigos para revigorar a comunidade cristã. E a mesma atenção
deveria estar presente entre as Igrejas que fazem parte de uma Conferência
Episcopal ou de uma Região: é importante que as Igrejas mais ricas de vocações
ajudem, com generosidade, aquelas que padecem a sua escassez. Ao mesmo tempo
exorto os missionários e as missionárias, especialmente os presbíteros fidei
donum e os leigos, a viverem com alegria o seu precioso serviço nas Igrejas
aonde foram enviados e a levarem a sua alegria e esperança às Igrejas donde
provêm, recordando como Paulo e Barnabé, no final da sua primeira viagem
missionária, «contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos pagãos
a porta da fé» (Act 14, 27). Eles podem assim tornar-se caminho para uma
espécie de «restituição» da fé, levando o vigor das Igrejas jovens às Igrejas
de antiga cristandade a fim de que estas reencontrem o entusiasmo e a alegria
de partilhar a fé, numa permuta que é enriquecimento recíproco no caminho de
seguimento do Senhor. A solicitude por todas as Igrejas, que o Bispo de Roma
partilha com os irmãos Bispos, encontra uma importante aplicação no empenho das
Obras Missionárias Pontificas, cuja finalidade é animar e aprofundar a
consciência missionária de cada baptizado e de cada comunidade, seja apelando à
necessidade de uma formação missionária mais profunda de todo o Povo de Deus,
seja alimentando a sensibilidade das comunidades cristãs para darem a sua ajuda
a favor da difusão do Evangelho no mundo. Por fim, o meu pensamento vai pra os
cristãos que, em várias partes do mundo, encontram dificuldade em professar
abertamente a própria fé e ver reconhecido o direito a vivê-la dignamente. São
nossos irmãos e irmãs, testemunhas corajosas – ainda mais numerosas do que os
mártires nos primeiros séculos – que suportam com perseverança apostólica as
várias formas actuais de perseguição. Não poucos arriscam a própria vida para
permanecer fiéis ao Evangelho de Cristo. Desejo assegurar que estou unido, pela
oração, às pessoas, às famílias e às comunidades que sofrem violência e
intolerância, e repito-lhes as palavras consoladoras de Jesus: «Tende
confiança, Eu já venci o mundo» (Jo 16, 33). Bento XXI exortava: «Que “a
Palavra do Senhor avance e seja glorificada” (2Ts 3, 1)! Possa este Ano da Fé
tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos
a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro»
(Carta ap. Porta fidei, 15). Tais são os meus votos para o Dia Mundial das
Missões deste ano. Abençoo de todo o coração os missionários e as missionárias
e todos os cantos da terra e nós, ministros do Evangelho e missionários,
possamos experimentar «a suave e reconfortante alegria de evangelizar»
(Paulo
VI Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 80).