XII Domingo do Tempo Comum
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os
discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» Eles
responderam: «Uns, João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos
antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu
sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém,
proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O
Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos
príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao
terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir
comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem
quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha
causa, salvá-la-á».
(Lc 9, 18-24)
Hoje, 24 de Junho, celebramos a solenidade do Nascimento de
São João Baptista. Com a excepção da Virgem Maria, o Baptista é o único santo
do qual a liturgia festeja o nascimento, e isto porque ele está estreitamente relacionado
com o mistério da Encarnação do Filho de Deus. Com efeito, desde o seio materno
João é o precursor de Jesus: a sua conceção prodigiosa é anunciada pelo Anjo a
Maria como sinal de que «nada é impossível a Deus». (Lc 1, 37), seis meses
antes do grande prodígio que nos dá a salvação, a união de Deus com o homem por
obra do Espírito Santo. Os quatro Evangelhos dão grande realce à figura de João
Baptista, como profeta que conclui o Antigo Testamento e inaugura o Novo,
indicando em Jesus de Nazaré o Messias, o Ungido do Senhor. Com efeito, será o
próprio Jesus quem falará de João nestes termos: «É aquele do qual está
escrito: “Eis que envio o Meu mensageiro diante de Ti, para Te preparar o
caminho”. Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, não apareceu
ninguém maior do que João Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no reino dos
Céus é maior do que ele» (Mt 11, 10-11)
O pai de João, Zacarias – marido de Isabel, parente de Maria
– era sacerdote do culto judaico. Ele não acreditou imediatamente no anúncio de
uma paternidade já inesperada, e por isso ficou mudo até ao dia da circuncisão
do menino, ao qual ele e a esposa deram o nome indicado por Deus, ou seja,
João, que significa «o Senhor concede graças». Animado pelo Espírito Santo,
Zacarias falou assim da missão do filho: «E tu, menino, serás chamado profeta
do Altíssimo, porque irás adiante do Senhor a preparar os seus caminhos. Para
dar a conhecer ao Seu povo a Sua salvação pela remissão dos pecados» (Lc 3,
1-6). Quando um dia veio de Nazaré o próprio Jesus para se fazer batizar, João
inicialmente recusou-se, mas depois consentiu, e viu o Espírito Santo pairar
sobre Jesus e ouviu a voz do Pai celeste que o proclamava seu Filho (cf. Mt 3,
13 -17). Mas a sua missão ainda não estava completada: pouco tempo mais tarde,
foi-lhe pedido que precedesse Jesus também na morte violenta: João foi
decapitado na prisão do Rei Herodes, e assim deu pleno testemunho do Cordeiro
de Deus, que ele foi o primeiro a reconhecer e a indicar publicamente.
Queridos amigos, a Virgem Maria ajudou a idosa prima Isabel
a levar até ao fim a gravidez de João. Ele ajude todos a seguir Jesus, o
Cristo, o Filho de Deus, que o Baptista anunciou com grande humildade e fervor
profético.
(do ângelus de 24/06/2012, Papa Emérito Bento XVI)