I Domingo do Advento – Ano A
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como
aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias
que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao
dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio,
que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do Homem. Então, de dois
que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que
estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono
da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria a vigilante e não
deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na
hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
(Mt 24, 37-44)
A espera jubilosa, característica dos dias que precedem o
Santo Natal, é certamente a atitude fundamental do cristão, que deseja viver
fecundamente o renovado encontro com Aquele que vem habitar no meio de nós:
Jesus Cristo, o Filho de Deus que se fez homem. Voltemos a encontrar esta
disposição do coração, fazendo-a nossa, naqueles que foram os primeiros a
receber a vinda do Messias: Zacarias e Isabel, os pastores, o povo simples, e
especialmente Maria e José, que sentiram pessoalmente a trepidação, mas
sobretudo a alegria pelo mistério deste Nascimento. Todo o Antigo Testamento
constitui uma única grande promessa, que devia realizar-se com a vinda de um
salvador poderoso. Disto nos dá testemunho em particular o livro do profeta
Isaías, que nos fala do esforço da história e de toda a criação por uma
redenção destinada a dar novas energias e renovada orientação ao mundo inteiro.
Assim, além da espera dos protagonistas das Sagradas Escrituras, ao longo dos
séculos encontra espaço e significado também a nossa espera, aquela que nestes
dias experimentamos e que nos conserva vigilantes durante todo o caminho da
nossa vida. Com efeito, toda a existência humana é animada por este profundo
sentimento, pelo desejo de que quanto de mais verdadeiro, bonito e maior
entrevimos e intuímos com a mente e o coração, possa vir ao nosso encontro e,
diante dos nossos olhos, se torne concreto e nos eleve. «Eis que vem o Senhor
todo-poderoso: será chamado Emanuel, Deus-connosco» (Antífona de entrada, Santa
Missa de 21 de Dezembro). Nestes dias repetimos frequentemente estas palavras.
No tempo da liturgia, que volta a actualizar o Mistério, já está às portas
Aquele que vem para nos salvar do pecado e da morte, Aquele que, depois da
desobediência de Adão e Eva, nos reabraça e nos abre de par em par a entrada
para a vida verdadeira. Explica-o santo Ireneu, no seu tratado «Contra as
heresias», quando afirma: «O próprio Filho de Deus assumiu “uma carne
semelhante à do pecado” (Rm 8, 3) para
condenar o pecado e, depois de o ter condenado, para o excluir completamente do
género humano. Chamou o homem à semelhança consigo mesmo, tornou-o imitador de
Deus, iniciou-o no caminho indicado pelo Pai para que pudesse ver Deus e
conferiu-lhe como dom o próprio Pai» (III, 20, 2-3)
(Bento XVI, audiência de 22 de Dezembro de 2010)
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