VI Domingo da Páscoa – Ano A
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me
amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará
outro Defensor, para estar sempre convosco: o Espírito da verdade, que o mundo
não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque
habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de
vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver Me eis, porque Eu vivo e
vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em
Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse
realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e
manifestar-Me-ei a ele».
(Jo 14, 15 – 21)
O livro dos Atos dos Apóstolos narra que, depois de uma
primeira perseguição violenta, a comunidade cristã de Jerusalém, com excepção
dos apóstolos, dispersou-se nas regiões vizinhas e Filipe, um dos diáconos,
chegou a uma cidade da Samaria. Ali pregou Cristo ressuscitado, o seu anúncio
foi acompanhado por numerosas curas, de modo que a conclusão do episódio é
muito significativa: «E houve grande alegria naquela cidade» (Act 8, 8). Esta
expressão surpreende-nos sempre, porque, na sua essencialidade, nos comunica um
sentido de esperança; como se dissesse: é possível! É possível que a humanidade
conheça a verdadeira alegria, porque onde chega o Evangelho, a vida floresce;
como um terreno árido que, irrigado pela chuva, imediatamente reverdece. Filipe
e os outros discípulos, com a força do Espírito Santo, fizeram nas aldeias da
Palestina o que Jesus tinha feito: pregaram a Boa Nova e realizaram obras
prodigiosas. Era o Senhor que agia por meio deles. Assim como Jesus anunciava a
vinda do Reino de Deus, do mesmo modo os discípulos anunciaram Jesus
ressuscitado, professando que Ele é o Cristo, o Filho de Deus, baptizado no seu
nome e afastando qualquer doença do corpo e do espírito.
«E houve grande alegria naquela cidade». Lendo este trecho,
é espontâneo pensar na força restabelecedora do Evangelho, que ao longo dos
séculos «irrigou», como um rio benéfico, tantas populações. Alguns grandes
Santos e Santas levaram esperança e paz a cidades inteiras – pensemos em São
Carlos Borromeu em Milão, no tempo da peste; na Beata Madre Teresa em Calcutá;
e em tantos missionários, cujos nomes são conhecidos a Deus, que deram a vida
para levar o anúncio de Cristo e fazer florescer entre os homens a alegria
profunda. Enquanto os poderosos deste mundo procuravam conquistar novos
territórios por interesses políticos e económicos, os mensageiros de Cristo iam
a toda a parte com a finalidade de levar Cristo aos homens e os homens a
Cristo, sabendo que só Ele pode dar a verdadeira liberdade e a vida eterna.
Também hoje a vocação da Igreja é a Evangelização: quer em relação às
populações que ainda não foram «irrigadas» pela água do Evangelho; quer em
relação àquelas que, mesmo tendo antigas raízes cristãs, precisam de uma nova
seiva para dar frutos renovados, e redescobrir a beleza e a alegria da fé.
Queridos amigos, o beato João Paulo II foi um grande missionário, como
documenta também uma exposição que está a decorrer actualmente em Roma. Ele
relançou a missão ad gentes e, ao mesmo tempo, promoveu a nova evangelização.
Confiemos ambas à intercessão de Maria Santíssima. A Mãe de Cristo acompanhe
sempre e em toda a parte o anúncio do Evangelho, para que se multipliquem e se
alarguem no mundo os espaços nos quais os homens reencontrem a alegria de viver
como filhos de Deus.
Papa Emérito Bento XVI, Regina Caeli 29 de Maio de 2011
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