Domingo de Ramos na Paixão do Senhor
[…]
N Era já
quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra, até às três horas da
tarde, porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo rasgou-se ao meio. E
Jesus exclamou com voz forte:
J «Pai, em
tuas mãos entrego o meu espírito».
N Dito isto,
expirou.
N Vendo o
que sucedera, o centurião deu glória a Deus, dizendo:
R «Realmente
este homem era justo».
N E toda a
multidão que tinha assistido àquele espetáculo, ao ver o que se passava, regressava
batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que O
acompanhavam desde a Galileia, mantinham-se à distância, observando estas
coisas.
N Havia um
homem chamado José, da cidade de Arimateia, que era pessoa reta e justa e
esperava o reino de Deus. Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado com
a decisão e o proceder dos outros. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de
Jesus. E depois de o ter descido da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o
num sepulcro escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. Era o
dia da Preparação e começavam a aparecer as luzes do sábado. Entretanto, as
mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia acompanharam José e observaram
o sepulcro e a maneira como fora depositado o corpo de Jesus. No regresso,
prepararam aromas e perfumes. E no sábado guardaram o descanso, conforme o
preceito.
(Lc 22, 14-23,56)
A Semana Santa, que para nós cristãos é a semana mais
importante do ano, oferece-nos a oportunidade de nos imergimos nos acontecimentos
centrais da Redenção, de reviver o Mistério pascal, o grande Mistério da Fé. A
partir de amanhã à tarde, com a Missa in Coena Domini, os solenes ritos
litúrgicos ajudar-nos-ão a meditar de modo mais vivo a paixão, a morte e a
ressurreição do Senhor nos dias do Santo Tríduo pascal, fulcro de todo o ano
litúrgico. Que a graça divina abra os nossos corações à compreensão do dom
inestimável que é a salvação que nos foi obtida pelo sacrifício de Cristo.
Encontramos este dom imenso, admiravelmente narrado num célebre hino contido na
Carta aos Filipenses (cf. 2, 6-11), que na Quaresma meditámos várias vezes. O
Apóstolo repercorre, de modo tanto essencial quanto eficaz, todo o mistério da
história da salvação mencionando a soberba de Adão que, mesmo não sendo Deus,
queria ser como Deus. E contrapõe a esta soberba do primeiro homem, que todos
nós sentimos um pouco no nosso ser, a humildade do verdadeiro Filho de Deus
que, tornando-se homem, não hesitou em assumir sobre si as debilidades do ser
humano, excepto o pecado, e chegou ao extremo da profundidade da morte. A esta
descida na última profundidade da paixão e da morte segue-se depois a sua
exaltação, a verdadeira glória, a glória do amor até ao fim. E por isso é justo
como diz Paulo que “em nome de Jesus se dobrem todos os joelhos nos céus, na
terra e debaixo da terra, e todas as línguas proclamem: Jesus Cristo é o
Senhor” (2, 10-11). São Paulo menciona, com estas palavras, uma profecia de
Isaías na qual Deus diz: Eu sou o Senhor, todos os joelhos se dobrem diante de
mim nos céus e na terra (cf. Is 45, 23). Isto diz Paulo é válido para Jesus
Cristo. Ele realmente, na sua humildade, na verdadeira grandeza do seu amor, é
o Senhor do mundo e diante d’Ele realmente todos os joelhos se dobram.
(da audiência do Papa Emérito Bento XVI, 8/4/2009)
Um bocadinho atrasado, eu sei...
Um bocadinho atrasado, eu sei...
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