XIX Domingo do Tempo Comum
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas,
pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que
possuís e daí-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro
inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Tende os rins
cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor voltar
do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes
esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos
digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os
servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os
encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o
ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque
na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus:
«Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?» O
Senhor responde: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor
estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração
de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em
verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo
disser consigo mesmo: ‘o meu senhor tarda em vir’; e começar a bater em servos
e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no
dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que
tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não
se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele,
porém, que, sem a conhecer, tenha feito acções que mereçam vergastadas, levará
apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi
confiado, mais se lhe pedirá».
(Lc 12, 32 – 48)
No meio do mês de Agosto, a Igreja no Oriente e no Ocidente
celebra a solenidade da Assunção de Maria Santíssima ao Céu. Na Igreja Católica,
o dogma da Assunção – como sabemos – foi proclamado durante o Ano Santo de 1950
pelo Venerável Pio XII. Porém, a celebração deste mistério de Maria mergulha as raízes na fé e
no culto dos primeiros séculos da Igreja, em virtude daquela profunda devoção à
Mãe de Deus que se foi desenvolvendo progressivamente no seio da Comunidade
Cristã. Já no final do século IV e no inicio do século V, temos testemunhos de
vários autores que afirmam como Maria se encontra totalmente na glória de Deus,
de alma e corpo, mas foi no século VI que, em Jerusalém, a festividade da Mãe
de Deus, a Theotokos consolidando-se com o Concílio de Éfeso em 431, mudou de fisionomia
e se tornou a festividade da dormição, da passagem, do trânsito, da
assunção de Maria, tornando-se assim a
celebração do momento em que Maria saiu da cena deste mundo glorificada em alma
e corpo no Céu, em Deus. Para compreender a glória do Pai, através da paixão,
da morte e da ressurreição. Maria que gerou o Filho de Deus na carne, é a
criatura mais inserida neste mistério, redimida desde o primeiro instante da
sua vida e associada de modo totalmente particular à paixão e à glória do seu
Filho. Por conseguinte, a Assunção de Maria ao Céu constitui o mistério da
Páscoa de Cristo, plenamente conformada com Ele. Mas a Assunção é uma realidade
que também nos diz respeito, porque nos indica de modo luminoso o nosso
destino, o da humanidade e da história. Com efeito, em Maria contemplamos
aquela realidade de glória à qual é chamada cada um de nós, juntamente com toda
a igreja.
(do ângelus de 15 de Agosto de 2012, Papa Emérito Bento XVI)
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