XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano C
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola
sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: “Em certa cidade vivia um
juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma
viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu
adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse
consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque
esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me
indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e
noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça
bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre esta
terra?»
(Lc 18, 1-8)
3. Com frequência, os obstáculos à obra de evangelização
encontram-se, não no exterior, mas dentro da própria comunidade eclesial. Às
vezes, estão relaxados o fervor, a alegria, a coragem, a esperança de anunciar
a todos a Mensagem de Cristo e ajudar os homens do nosso tempo a encontra-Lo.
Por vezes há ainda quem pense que levar a verdade do Evangelho seja uma
violência à liberdade. A propósito, são iluminantes estas palavras de Paulo VI:
«Seria certamente um erro impor qualquer coisa à consciência dos nossos irmãos.
Mas propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus
Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa
consciência fará (…), é uma homenagem a essa liberdade» (Exort. Ap. Evangelli
nuntiandi, 80). Devemos sempre ter a coragem e a alegria de propor, com
respeito, o encontro com Cristo e de nos fazermos portadores do seu Evangelho;
Jesus veio ao nosso meio para nos indicar o caminho da salvação e confiou,
também a nós, a missão de a fazer conhecer a todos, até aos confins do mundo.
Com frequência, vemos que a violência, a mentira, o erro é que são colocados em
evidência e propostos. É urgente fazer resplandecer, no nosso tempo, a vida boa
do Evangelho pelo anúncio e o testemunho, e isso dentro da Igreja. Porque,
nesta perspectiva, é importante não esquecer jamais um princípio fundamental
para todo o evangelizador: não se pode anunciar Cristo sem a Igreja.
Evangelizar nunca é um acto isolado, individual, privado, mas sempre eclesial.
Paulo VI escrevia que, «quando o mais obscuro dos pregadores, dos catequistas
ou dos pastores, no rincão mais remoto, prega o Evangelho, reúne a sua pequena
comunidade, ou administra um sacramento, mesmo sozinho, ele perfaz um acto de
Igreja». Ele não age «por uma missão pessoal que se atribuísse a si próprio, ou
por uma inspiração pessoal, mas em união com a missão da Igreja e em nome da
mesma» (ibid., 60). E isto dá força à missão e faz sentir a cada missionário e
evangelizador que nunca está sozinho, mas é parte de um único Corpo animado
pelo Espírito Santo.
(da Mensagem de Sua Santidade Papa Francisco para o Dia
Mundial das Missões 2013)
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