II Domingo da Quaresma
Tema: Levanta-te toma o Menino e Sua Mãe «Pai»
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu
irmão e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante
deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se
brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a
Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas:
uma para Ti, outra para Moisés a outra para Elias». Ainda ele falava, quando
uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é
o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao
ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra a assustaram se
muito. Então Jesus aproximou-se e, tocando os, disse: «Levantai vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do
monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o
Filho do homem ressuscitar dos mortos».
(Mt 17, 1-9)
O Evangelho diz que, ao lado de Jesus transfigurado,
«apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele» (Mt 17, 3); Moisés e Elias,
figuras da Lei e dos Profetas. Foi então que Pedro, extasiado, exclamou:
«Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti,
uma para Moisés e outra para Elias» (Mt 17, 4). Mas santo Agostinho comenta,
dizendo que nós dispomos de uma única morada: Cristo; Ele «é a Palavra de Deus,
Palavra de Deus na Lei, Palavra de Deus nos Profetas» (Sermo de Verbis Ev. 78,
3: PL 38, 491). Com efeito, o próprio Pai proclama: «Eis o meu Filho muito
amado, em quem pus todo o meu enlevo; estutai-O!» (Mt 17, 5). A Transfiguração
não é uma transformação de Jesus, mas sim a revelação da sua divindade, «a
íntima compenetração do seu ser com Deus, que se torna pura luz. No seu ser um
só Pai, o próprio Jesus é Luz da Luz» (Jesus de Nazaré, 2007, pág. 357).
Contemplando a divindade do Senhor, Pedro, Tiago e João são preparados para
enfrentar o escândalo da cruz, como se entoa num antigo hino: «Sobre o mundo,
Te transfiguraste, e os Teus discípulos, na medida que lhes era possível,
contemplaram a Tua glória a fim de que, vendo-Te crucificado, compreendessem
que a Tua paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que Tu és
verdadeiramente o esplendor do Pai». Caros amigos, também nós participamos
desta visão e desta dádiva sobrenatural, reservando espaço à oração e à escuta
da Palavra de Deus. Além disso, especialmente neste período da Quaresma exorto,
como escreve o Servo de Deus Paulo VI, «a responder ao preceito divino da
penitência, com algumas obras voluntárias, para além das renúncias impostas
pelo peso da vida quotidiana» (Const. Apost. Poenitemini, 17 de Fevereiro de
1966, III, c: AAS 58 [1966], 182). Invoquemos a Virgem Maria, a fim de que nos
ajude a ouvir e seguir sempre o Senhor Jesus, até à paixão e à Cruz, para
participar também da sua glória.
Bento XVI, ângelus de 20 de Março de 2011
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