01 dezembro 2010

Conto IX

O artesão da vida

Um artesão encarrega-se de fazer vasilhas de barro, de louça ou de cerâmica. Um artesão tanto pode fazer humildes cântaros para transportar água fresca como formosos vasos que embelezam os palácios dos reis. Um vaso tem mais valor no mercado do que um cântaro, porém só no mercado, porque a função prática dos vasos é principalmente decorativa, enquanto que os cântaros são utilizados para beber água fresca.
Entretanto, nem o cântaro nem o vaso podem existir sem o artesão. O barro misturado com água ou a argila misturada com água, sem a intervenção do artesão não são nada e Nada sai deles. Os super milagres não existem. Podemos fazer a prova, recolhendo terra misturando-se com água e amassando-a, deixemo-la para que repouse, porém não obtemos nada, já que necessitamos das mãos e do engenho do artesão para que estas tomem forma.
O artesão toma este barro em suas mãos e decide fazer um jarro ou um cântaro. Põe a massa no torno e a vai-a modelando com as suas mãos, dando-lhe forma. Suponhamos que o barro ou a porcelana tinham vida, e escapavam do torno. Acaso não acabariam em nada? Em um montão de terra molhada, que a chuva arrastaria?... Porém no torno vão tomando forma e vão-se convertendo em cântaro ou jarro.
Podemos pensar que o processo já está acabado mas não; é preciso ainda que o artesão as ponha no forno, na forja, que suportem a prova do fogo. Também esta se os imaginamos com sentimentos, deve ser muito dolorosa. E que aconteceria se o cântaro ou qualquer um dos seus companheiros decidissem escapar do forno, da prova?
Quebrar-se-ia no primeiro embate, não serviria de nada e seria necessário desfazer-se dele como um traste inútil.
Moral da história: Existe um artesão diferente dos demais. Ele tem a particularidade de amar loucamente as suas obras. Elas, por sua vez são livres. E às vezes rejeitam o forno. Inclusive o torno. Quando um destes objectos se quebra, este artesão não deixa o cântaro quebrado atirado para um canto, pelo contrário, toma-o de novo, amassa-o no torno, não com água mas com Sangue, com o Sangue do Seu Filho. Porque este artesão é Deus Pai. Seu Filho, Jesus. E o cântaro ou vaso, cada homem ou mulher. O torno, a fé. O forno, a vida.
Esta história pretende retratar o infinito amor de Deus para com as suas criaturas.

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