19 janeiro 2011

Conto XVIII

«Olá Jesus, eu sou o Zé»

Todos os dias, ao meio-dia um pobre velho entrava na igreja, e poucos minutos depois saia.
Um dia o sacristão perguntou-lhe o que fazia:
- Venho rezar, respondeu o velho.
- Mas é estranho, que você consiga rezar tão depressa.
- Bem, retorquiu o velho, eu não sei recitar aquelas orações compridas. Mas todos os dias, eu entro na igreja e só digo:
- “Olá Jesus, eu sou o Zé, vim visitar-Te”. Num minuto estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho a certeza que Ele ouve.
Alguns dias depois, o Zé sofreu um acidente e foi internado num Hospital e, na enfermaria, passou a exercer uma influência sobre todos: os doentes mais tristes tornaram-se mais alegres, muitas risadas passaram a ser ouvidas:
- Zé – disse-lhe a irmã – os outros doentes dizem que você está sempre tão alegre…
- É verdade irmã, estou sempre alegre. É por causa daquela visita que recebo todos os dias. Faz-me feliz.
A irmã ficou atónita. Já tinha notado que a cadeira encostada à cama do Zé estava sempre vazia. O Zé era velho solidário sem ninguém.
- Que visita? A que horas?
- Todos os dias ao meio-dia. Ele fica ao pé da cama. Quando olho para Ele, Ele sorri e diz: “Olá Zé, eu sou Jesus, vim visitar-te”.

2 comentários: