*Quinto Mandamento: Não Matarás!*
Pergunta 378 – Porque não se pode tirar a própria vida nem a
dos outros?
Só Deus é o Senhor da vida e da morte. Excepto em caso de
legitima defesa, ninguém pode matar ninguém.
No Livro do Êxodo, diz-se claramente: «Não Matarás!» (Ex 20,
13) Atentar contra a vida é um delito contra Deus. A vida é sagrada; isso
significa que pertence a Deus, é Sua propriedade. Até a nossa própria vida nos
foi apenas confiada. Foi o próprio Deus que nos ofereceu a vida; só Ele no-la
pode tomar.
Pergunta 379 – Que atentados estão implícitos na proibição
de matar?
Implícitos estão o homicídio e a cumplicidade no assassínio.
Implícitos estão os crimes de guerra. Implícita está a interrupção voluntária
da gravidez (aborto) de um ser humano, desde a sua concepção. Implícito está o
suicídio, a automutilação e a autodestruição. Implícita está a eutanásia, ou
seja, matar pessoas portadoras de deficiência, doentes e moribundos.
Hoje, a proibição de matar é frequentemente disfarçada com
argumentos aparentemente humanos. Todavia, nem a eutanásia nem o aborto são
soluções humanas. Por isso, a Igreja não tem qualquer dúvida relativamente a
tais questões: quem participa num aborto, força alguém a praticá-lo ou o
aconselha a fazer é automaticamente excomungado, como no caso de qualquer outro
atentado contra a vida. Quando uma pessoa psiquicamente doente comete suicídio,
a responsabilidade por isso raramente é limitada; muito frequentemente é até
reduzida.
“A princípio havia pequenas mudanças na atitude fundamental.
Isto começou com a opinião, elementar para o movimento da eutanásia, de que há
situações consideradas como sem maior importância para a vida. No seu estádio
inicial esta atitude dizia respeito só aos doentes crónicos: pouco a pouco
foi-se alargando o âmbito dos que faziam parte desta categoria e começou-se a
incluir também os socialmente inúteis, os ideologicamente indesejados e os
racialmente excluídos. Contudo, é preciso evidentemente reconhecer que a
atitude perante os doentes incuráveis foi apenas o leve pretexto que veio a ter
como consequência esta radical mudança de opinião.”
Leo Alexander (1905 – 1985,
médico judeo-americano acerca dos crimes da eutanásia)
“Ouvistes o que foi dito aos antigos: «Não matarás; quem
matar será submetido ao julgamento.» Eu, porém, vos digo: todo aquele que
apenas se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento.”
Mt 5, 21-22
Para ser adequada e justa, uma pena infligida pelo Estado
deve respeitar quatro condições:
1. O delito deve ser reparado.
2. O Estado deseja, com ela, restaurar a ordem pública e
garantir a segurança dos seus cidadãos.
3. A pena deve melhorar o culpado.
4. A pena deve corresponder à gravidade do delito.
Pergunta 382 – É permitida a eutanásia?
Provocar a morte activamente atenta sempre contra o
mandamento «Não matarás!» (Ex 20, 13) Pelo contrário, assistir a uma pessoa no
processo de morte constitui mesmo um mandamento humano.
Os conceitos “eutanásia activa” e “eutanásia passiva”
obscurecem frequentemente os debates. O que está em questão é se matamos uma
pessoa que está a morrer ou se permitimos que ela morra. Quem, no caso da
chamada “eutanásia activa”, assiste uma pessoa para que ela morra atenta contra
o quinto Mandamento; quem, no caso da chamada “eutanásia passiva”, assiste uma
pessoa quando ela morre obedece ao Mandamento do amor ao próximo. Neste último
caso, em que a morte de um paciente é iminente, trata-se de renunciar a medidas
extraordinárias, dispendiosas e sem efeito. A decisão aqui pertence ao próprio
paciente, que o pode determinar antecipadamente por testamento vital; caso não
o tenha feito nem esteja agora em condições de o fazer, um legítimo
representante terá de tomar a decisão em conformidade com a vontade declarada
ou provável do paciente. O cuidado da pessoa que está a morrer nunca deve ser
interrompido; é um mandamento do amor ao próximo e da misericórdia. Neste
âmbito, é legítimo, e corresponde à dignidade humana, administrar medicamentos
paliativos, mesmo que daí decorra o perigo de abreviar a vida do paciente; é
decisivo que a morte não seja desejada, nem como fim nem como meio.
Pergunta 384 – Pode uma criança portadora de deficiência ser
abortada?
Não. Abortar uma criança portadora de deficiência é sempre
um crime grave, mesmo quando o motivo é poupá-la de um sofrimento futuro.
Pergunta 385 – Podem realizar-se investigações em embriões
vivos em células estaminais embrionárias?
Não. Os embriões são seres humanos, porque a vida humana
começa com a fusão de um espermatozoide com um óvulo.
Considerar os embriões um material biológico, “produzi-los”
e “utilizar” as suas células estaminais na investigação é absolutamente imoral
e rejeitado pela proibição de matar. Algo diferente são as investigações em
células estaminais adultas, que não têm a capacidade de se transformarem em
pessoas. As intervenções médicas realizadas num embrião só se justificam se a
sua intenção for a cura, se a vida e o desenvolvimento incólume da criança
estiverem garantidos e se o risco da intervenção não for altamente
desproporcionado.
“Se uma pessoa já não está segura no seio da sua mãe, onde
estará, então, ela ainda segura neste mundo?”
Phil Bosmans (*1922, sacerdote e escritor belga)
“ Deus, dá-nos coragem para proteger a vida que está por
nascer, pois uma criança é o maior dom de Deus a uma família, a um povo e ao
mundo.”
Beata Madre Teresa, quando recebeu o Prémio Nobel da Paz, 1979
Pergunta 386 – Porque protege o quinto Mandamento a
integridade corporal e espiritual do ser humano?
O direito à vida e a dignidade de um ser humano constituem
uma unidade; estão inseparavelmente ligados. Também é possível matar uma pessoa
espiritualmente.
O mandamento «Não matarás!» (Ex 20, 13) refere-se tanto à
integridade física como à espiritual. Qualquer aliciação e indução ao mal,
qualquer utilização da violência é um grave pecado, especialmente quando ocorre
numa relação de dependência. Particularmente grave é um crime quando as
crianças são dependentes de adultos; isto aplica-se não apenas a abusos
sexuais, mas também a “seduções espirituais” provocadas por pais, sacerdotes,
professores ou educadores, como o desvio dos valores, etc.
Pergunta 387 – Como devemos lidar com o nosso corpo?
O quinto Mandamento também rejeita o uso de violência contra
o próprio corpo. Jesus exortou-nos expressamente a aceitarmo-nos e amarmo-nos a
nós mesmos: «Ama o teu próximo como a ti mesmo!» (Mt 22, 39)
Os actos de destruição contra o próprio corpo (como
arranhões) são, na maioria dos casos, reacções psíquicas e experiências de
abandono e falta de amor; isso desafia, em primeiro lugar, o nosso amor
integral por essas pessoas. No contexto desta dedicação, deve contudo ficar
claro que não existe um direito humano de destruir o próprio corpo, que é dom
de Deus.
Pergunta 389 – Porque é pecado consumir drogas?
O prazer das drogas é um pecado, porque se trata de um acto
que implica a autodestruição e constitui, portanto, um atentado contra a vida
que Deus nos concedeu por amor.
Qualquer dependência humana de drogas legais (álcool,
medicamentos, tabaco) e, ainda mais grave, de drogas ilegais é uma troca da
liberdade pela escravidão; elas ainda os que o rodeiam. Quando o ser humano se
perde e se esquece na embriaguez (e também no excesso de comida e bebida),
quando se entrega à sua sexualidade ou conduz o automóvel com toda a
velocidade, perde a sua dignidade e a sua liberdade humana e peca, deste modo,
contra Deus. É uma virtude saber lidar com as fontes de prazer de uma forma
razoável, consciente e moderada.
Pergunta 390 – É permitido fazer-se investigação numa pessoa
viva?
As experiências científicas, psicológicas ou médicas em
pessoas vivas são apenas permitidas se os resultados esperados forem
importantes para o bem da humanidade e se não puderem ser realizadas de outro
modo. Tudo deve, contudo, acontecer com o consentimento livre da pessoa a
experimentar.
Além disso, as experiências não devem ser excessivamente arriscadas.
É um crime fazer das pessoas objectos de investigação contra a sua vontade. A
vida de Wanda Poltawska, uma resistente polaca, confidente do Papa João Paulo
II, recorda o que ontem, como hoje, esteve em jogo. Durante o tempo do nazismo,
Wanda Poltawska, no campo de concentração de Ravensbruck, tornou-se vítima das
experiências criminosas em seres humanos. Mais tarde, esta psiquiatra
empenhou-se numa renovação ética médica e pertenceu aos membros fundadores da
Pontifícia Academia para a Vida.
“Se gostares de ti próprio, gostarás de todas as pessoas
como de ti mesmo. Se gostas menos de alguma pessoa do que de ti mesmo é porque
nunca conseguiste gostar de ti verdadeiramente.”
Mestre Eckhart
“Deus ama-nos muito mais do que nós a nós mesmos.”
Santa Teresa
de Ávila
Pergunta 391 – Porque é importante a doação de órgãos?
A doação de órgãos pode prolongar a vida do receptor ou
elevar a sua qualidade de vida. Por isso, desde que o dador não seja forçado,
ela é um autêntico serviço ao próximo.
É preciso assegurar-se da vontade livre e consciente do
dador durante o seu tempo de vida e de que ele não é morto de propósito de lhe
serem retirados os órgãos. Existe a doação em vida, por exemplo, de sangue, de
medula óssea ou de um rim. A doação de órgãos de um cadáver pressupõe uma
segura declaração da morte e o consentimento (activo ou presumido, conforme a
legislação nacional) do dador ou do seu representante.
Pergunta 392 – Como é ferido o direito de uma pessoa à
integridade corporal?
O direito de uma pessoa à integridade corporal é ferido com
o recurso à violência, ao rapto, aos maus-tratos, ao terrorismo, à tortura, à
violação, à esterilização forçada, assim como à amputação e mutilação sem fins
médicos.
Estes atentados fundamentais contra a justiça, o amor e a dignidade
humana também não se justificam quando são cobertos pela autoridade do Estado.
Consciente da culpa histórica dos cristãos, a Igreja luta hoje contra todo o
recurso à violência física e psíquica, especialmente a tortura.
“Por ordem, fomos conduzidos para fora, fracos, impotentes.
Diante da porta da sala das operações, no corredor, fomos anestesiados pelo Dr.
Schidlausky com uma injecção intravenosa. Antes de adormecer, relampejou um
pensamento, que porém não consegui mais exprimir: «Mas não somos cobaias!» Não,
não éramos mesmo cobaias. Éramos pessoas!”
Wanda Poltawska
“Amar uma pessoa significa dizer: Não morrerás!”
Gabriel
Marcel (1889-1973, filósofo francês)
Pergunta 397 – O que pensa Jesus sobre a não-violência?
O comportamento não violento tem para Jesus um valor
elevado; Ele exorta os Seus discípulos: «Não resistais ao homem mau! Mas se
alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda.»
Jesus desaprova São Pedro, que O queria defender com
violência: «Mete a tua espada na bainha!» (Jo 18, 11) Jesus não apela às armas.
Ele cala-Se diante de Pilatos. O Seu caminho é estar ao lado das vítimas, ir
até à cruz, redimir o mundo pelo amor e chamar felizes aos pacíficos. Por isso,
a Igreja respeita as pessoas que, por motivos de consciência, rejeitam o
serviço das armas, mas se colocam ao serviço da comunidade.
Pergunta 398 – Devem os cristãos ser pacifistas?
A Igreja luta pela paz, embora não defenda um pacifismo
radical. Não se pode, de facto, negar a um individuo ou a um Estado o direito
fundamental à legítima defesa armada. Moralmente, a guerra só é justificável
como último recurso.
A Igreja diz
inequivocamente não à guerra. Os cristãos devem empreender todos os esforços
para, até ao fim, evitarem a guerra: eles viram-se contra a acumulação e o
comércio de armas, lutam contra a discriminação racial, étnica e religiosa,
contribuem para o fim da injustiça financeira e social, fortalecendo, assim, a
paz.
“Ouvistes o que foi dito: «Amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo.» Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai por aqueles
que vos perseguem!”
Mt 5, 43-44
“Não há caminho para a paz. A paz é o caminho.”
Mahatma
Gandhi
“Penso que a melhoria das condições de vida das pessoas
pobres é uma estratégia melhor que despender dinheiro para armas. A batalha
contra o terrorismo não pode ser ganha com acções militares.”
Muhammad Yunus,
ao receber o Prémio Nobel da Paz, 2006
Pergunta 399 – Quando é permitido o uso de força militar?
O uso de força militar só se justifica em casos de extrema
necessidade. São válidos os seguintes critérios para uma “guerra justa”: 1. Tem
de haver autorização da legítima autoridade. 2. Tem de haver um motivo justo.
3. Tem de haver uma intenção justa. 4. Uma guerra tem de ser a última
possibilidade. 5. Os meios utilizados têm de ser proporcionais. 6. Tem de haver
probabilidade de êxito.
*Sexto Mandamento: Não cometerás adultério!*
Pergunta 400 – O que significa dizer que o ser humano é um
ser sexual?
Deus criou o ser humano como homem e mulher. Ele fê-los um
para o outro e para o amor. Ele concebeu-os com desejos eróticos e com a
capacidade de ter prazer. Ele criou-os para transmitirem a vida.
Ser homem ou ser mulher marca o ser humano muito
profundamente; são duas formas de sentir, duas formas de amar, duas formas de
se relacionarem com os filhos, duas formas de crer. Porque Ele quis que fossem
um para o outro e se complementassem no amor, Deus fez o homem e a mulher
diferentes. Por isso, o homem e a mulher atraem-se sexual e espiritualmente. O
seu amor encontra a expressão sensual mais profunda quando eles dormem juntos.
Tal como Deus, no Seu amor, é Criador, também o ser humano pode ser criador no
amor, gerando os filhos para a vida.
Pergunta 401 – Existe alguma precedência de um género em
relação ao outro?
Não, Deus concedeu ao homem e à mulher a mesma dignidade.
Os homens e as mulheres são seres humanos criados à imagem
de Deus e filhos de Deus redimidos por Jesus Cristo. É tão anticristão como
desumano discriminar ou preterir alguém por ser homem ou mulher. Mesma dignidade
e mesmos direitos não significam, porém, uniformidade. A mania da
uniformização, que passa ao lado da especificidade do homem e da mulher,
contradiz a ideia criadora de Deus.
Pergunta 402 – O que é o amor?
O amor é a livre entrega do coração.
Quando alguém ama uma coisa a sério, tem tanta vontade dessa
coisa que sai de si para se entregar a ela. Um músico pode entregar-se a uma
obra-prima. Uma educadora de infância pode estar disponível de todo o coração
para as suas crianças. Nessa amizade está o amor. A mais bela forma de amor
neste mundo é, todavia, o amor entre um homem e uma mulher, no qual duas
pessoas se entregam mutuamente para sempre. Esse amor humano é uma imagem do
amor divino, o amor por excelência. O amor é o que o Deus trino tem de mais
íntimo. Em Deus, existe partilha constante e entrega perene. Quando o amor
transborda, participamos no eterno amor de Deus. Quanto mais o ser humano ama,
mais parecido fica com Deus. O amor deve cunhar toda a vida de uma pessoa, o
que, no entanto, se realiza profundamente quando um homem e uma mulher se amam
no matrimónio e se tornam «uma só carne» (Gn 2, 24)
“Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar
semelhante a ele. […] Por isso, o homem deixa pai e mãe e une-se à sua mulher,
e os dois tornam-se uma só carne.”
GN 2, 18.24
“Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há
homem nem mulher; todos vós sois um só em Cristo Jesus.”
GL 3, 28
“A sexualidade mediante a qual o homem e mulher se doam um
ao outro com os actos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo
puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como
tal. Esta realiza-se de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte
integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o
outro até à morte. A doação física total seria falsa se não fosse sinal e fruto
da doação pessoal total.”
João Paulo II, Familiaris consortio, nº11
Pergunta 403 – Que relação tem a sexualidade com o amor?
A sexualidade e o amor estão inseparavelmente unidos. O
encontro sexual necessita de um contexto de amor fiel e sério.
Quando a sexualidade é separada do amor e se procura apenas
para a satisfação física, é destruído o sentido da união sexual entre o homem e
mulher. A fusão sexual é a mais bela expressão corporal e sensual do amor. As
pessoas que procuram sexo sem amar vivenciam uma mentira, pois a proximidade
dos corpos não corresponde à proximidade dos seus corações. Quem não leva à
letra a expressão corporal prejudica duravelmente o corpo e o espirito. O sexo
torna-se, então, desumano; ele degrada-se em puro meio de prazer e degenera em
mercadoria. Só um amor unitivo e estável cria espaço para uma sexualidade que é
vivida com humanidade e dá felicidade duradoira.
Pergunta 405 – Como se pode viver um amor casto? Como se
atinge essa meta?
Castamente vive quem é livre para o amor e não quem é
escravo dos seus impulsos e paixões. Tudo o que faz com que uma pessoa ganhe
significado, maturidade, liberdade e afecto contribui para um amor mais casto.
Uma pessoa torna-se livre para o amor através da
autodisciplina, que se deve adquirir, exercitar e conservar em cada etapa da
vida. Para isso contribui, em qualquer situação, permanecer fiel aos
Mandamentos de Deus, fugir ou guardar-se das tentações, evitar toda a forma de
vida dupla ou dupla moral e fortalecer-se no amor. Poder viver um amor puro e
indiviso é, portanto, uma graça e um maravilhoso dom de Deus.
“Tudo o que torna fácil o encontro sexual promove ao mesmo
tempo a sua queda no precipício da insignificância.”
Paul Ricoeur (1913-2005,
filósofo francês)
Castidade (lat. Castitas= pureza, integridade) É uma virtude
com que uma pessoa apta para a paixão reserva o seu desejo erótico para o amor
consciente e decididamente, resistindo à tentação de se perder na satisfação
voluptuosa dos elementos sexuais.
“Ainda não sei com quem um dia casarei. Mas não quero trair
já, neste momento, a minha futura mulher.” Um estudante, quando lhe foi
perguntado porque ainda não tinha estado na cama com uma jovem
Pergunta 407 – Por que razão a Igreja é contra as relações
sexuais antes do Matrimónio?
Porque ela quer proteger o amor. Uma pessoa não pode doar
nada maior a outra, do que a si mesma. “Eu amo-te” significa, para ambas, “eu
quero-te somente a ti, quero-te totalmente e quero-te para sempre!” Porque
assim é, não se pode dizer “eu amo-te” apenas por um período de tempo ou por
uma prova, mesmo que seja apenas com o corpo.
Muitos pensam que vivem seriamente as suas relações
pré-matrimoniais. E, no entanto, confrontam-se com dois elementos incompatíveis
com o amor: a exit option e o medo de engravidar. Porque o amor é tão grande,
tão santo e tão único, a Igreja pede insistentemente aos jovens que esperem
pelo casamento para assumirem totalmente o relacionamento sexual.
Pergunta 409 – A masturbação é um atentado contra o amor?
A masturbação é um atentado contra o amor, porque torna a
estimulação do prazer num fim em si mesmo e desvia a pessoa do desenvolvimento
integral do amor entre o homem e a mulher. Por isso, o “sexo consigo mesmo” é,
em si mesmo, uma contradição.
A Igreja não diaboliza a masturbação, mas avisa que ela não
é inocente. Na verdade, muitos jovens e adultos são prejudicados por se
isolarem no consumo de imagens, filmes e ofertas da Internet, em vez de procurarem
o amor numa relação pessoal. A solidão pode levar a um beco sem saída, onde a
masturbação se torna um vício. Ninguém, contudo, se torna feliz vivendo o lema
“para sexo não preciso de ninguém; faço-o sozinho, como e quando preciso”.
Pergunta 410 – O que se entende por “fornicação”?
A fornicação (gr. Porneia) significa, originalmente, as
práticas sexuais pagãs, como a prostituição sagrada. Posteriormente, o termo
passou a referir-se a todos os tipos de acções sexuais fora da comunhão
conjugal. Hoje é vulgarmente empregado em sentido penal (fornicação com menores
ou dependentes, etc.)
Frequentemente, a fornicação está ligada à aliciação, à
mentira, à violência, à dependência e ao abuso. Ela é, portanto, uma grave
falta contra o amor, porque fere a dignidade do ser humano e interpreta mal o
sentido da sexualidade humana. Os Estados têm o dever de proteger sobretudo os
menores de atitudes obscenas.
“A entrega do corpo a outra pessoa representa a total
auto-entrega a essa pessoa.”
João Paulo II, encontro com os jovens em Kampala
(Uganda), 06.02.1993
Pergunta 412 – Por que razão a produção e o consumo de
pornografia são contra o amor?
Peca gravemente quem faz mau uso do amor, arrancando a
sexualidade humana da intimidade de um amor vivido comprometidamente por duas
pessoas e convertendo-a em mercadoria comprável. Quem fabrica, consome ou
compra produtos pornográficos fere a dignidade humana e alicia os outros ao
mal.
A pornografia é uma variante da prostituição, pois também aí
o ser humano é tentado a dar “amor” por dinheiro. Actores, produtores e
comerciantes faltam da mesma forma grave contra o amor e a dignidade humana.
Quem consome produtos pornográficos, quem se move em mundos virtuais
pornográficos ou participa em eventos pornográficos encontra-se no alargado
circuito da prostituição e promove o negócio sujo e bimilionário do sexo.
Pergunta 413 – Por que motivo a violação é um pecado grave?
Quem viola outra pessoa rebaixa-a integralmente, porque
invade violentamente a intimidade profunda dessa pessoa e fere-a no cerne da
sua capacidade de amar.
O violador comete um crime na essência do amor. Faz parte da
essência da união sexual que esta ocorra exclusivamente no âmbito livre do
amor. As violações podem até acontecer no matrimónio… Mais reprovável é a
violação no seio das relações de dependência social, hierárquica, profissional
e familiar, como entre pais e filhos, ou entre professores, educadores,
sacerdotes, religiosos e os seus pupilos.
Pergunta 414 – O que diz a Igreja sobre o recurso ao
preservativo na luta contra a sida?
Nem sequer tomando em consideração o facto de o preservativo
não oferecer uma protecção absolutamente segura contra as infecções, a Igreja
rejeita o recurso a este meio mecânico na luta contra a epidemia da sida e
defende sobretudo uma nova cultura de relações humanas e a alteração da
consciência social.
Só a fidelidade vivida e a renúncia a contactos sexuais
levianos oferecem a protecção eficaz contra a sida e permitem uma vivência
integral do amor. Pertencem a isto o respeito pela igual dignidade do homem e
da mulher, o cuidado pela saúde da família, a relação responsável com os
impulsos da paixão e também a (temporária) renúncia às relações sexuais. Nos
países africanos em que, através de largas campanhas sociais, foi apoiado um
tal comportamento, os índices de infecção baixaram nitidamente. Além do mais, a
Igreja Católica faz tudo para ajudar as pessoas infectadas pela sida.
Pergunta 415 – Como julga a Igreja a homossexualidade?
Deus criou o ser humano homem e mulher, e corporalmente
também os determinou um para o outro. A Igreja acolhe sem reservas as pessoas
que se sentem homossexuais e rejeita qualquer forma de discriminação.
Simultaneamente afirma que as formas de encontro sexual entre pessoas do mesmo
sexo não correspondem à ordem da Criação.
“Engana-se quem acredita que, para os cristãos, o maior dos
vícios é o impudor. Os pecados da carne são maus, mas não são os piores. […] Na
verdade, duas forças no ser humano procuram impedi-lo da sua autodeterminação:
a animal e a diabólica. A diabólica é a pior das duas. Por isso, um hipócrita
frio e vaidoso, que regularmente vai à igreja, pode estar mais próximo do
inferno que uma prostituta. Naturalmente, é melhor, porém, não ceder a
nenhuma.”
C. S. Lewis
“A fidelidade no matrimónio e a abstinência fora dele são a
melhor forma de evitar a infecção e de impedir a propagação da sida. Com
efeito, os valores que derivam de uma compreensão autêntica do matrimónio e da
família constituem o único fundamento seguro para uma sociedade estável.”
Bento
XVI, 14.12.2006
“Por isso, «o homem deixará pai e mãe para se unir à sua
esposa e serão os dois uma só carne». Deste modo, já não são dois, mas uma só
carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu!”
Mt 19, 5-6
Pergunta 416 – O que pertence essencialmente ao matrimónio
cristão?
1. A unidade: o matrimónio é uma aliança que realiza a união
do corpo, do espírito e da alma de um homem e uma mulher. 2. A indissolubilidade:
o matrimónio vale «até que a morte vos separe». 3. A abertura à descendência:
cada casal deve estar aberto aos filhos. 4. A orientação para o bem do cônjuge.
Se, no momento da celebração matrimonial, um dos cônjuges
excluir um dos quatro elementos acima referidos, o Sacramento do Matrimónio não
se realiza.
“Deus não nos quer roubar o prazer; Ele quer dar-nos prazer
sem fim.”
Heinrich Seuse (1295-1366, teólogo e místico alemão)
Pergunta 418 – Que significado tem um filho no matrimónio?
Um filho é uma criatura e um dom de Deus que vem ao mundo
através do amor dos seus pais.
O verdadeiro amor não admite o isolamento de um casal em si
mesmo. O amor abre-se no filho. Um filho concebido e nascido não é algo “feito”
nem constitui a soma dos genes paternos e maternos. Ele é uma criatura de Deus,
totalmente nova e única, dotada de uma alma própria. Portanto, o filho não pertence
aos pais, nem é sua propriedade.
Pergunta 419 – Quantos filhos deve ter um casal cristão?
Um casal cristão tem tantos filhos quantos Deus lhe conceder
e por quantos se puder responsabilizar.
Todos os filhos que Deus concede são uma graça e uma bênção.
Isto não significa que um casal cristão não deva considerar por quantos filhos
ele consegue ser responsável no âmbito da sua situação socioeconómica e da sua
saúde. Quando uma criança é concebida fora do plano familiar, ela deve ser,
contudo, saudada com alegria e prontidão, e acolhida com grande amor. Confiados
em Deus, muitos casais cristãos têm a coragem de ter uma família invulgarmente
grande.
Pergunta 422 – O que pode fazer um casal que não tem filhos?
Os casais que sofrem de infecundidade podem recorrer à ajuda
médica que não esteja em contradição com a dignidade humana, com os direitos da
criança que será concebida e com a santidade do sacramento do Matrimónio.
Não existe um direito absoluto a ter um filho, que é sempre
um dom de Deus. Os casais a quem esse dom é negado podem adoptar filhos e
comprometer-se socialmente de outra maneira, cuidando, por exemplo, de crianças
abandonadas.
“Uma criança tem o «direito de ser respeitada como pessoa
desde o momento da sua concepção».” Congregação para a Doutrina da Fé, Donum
vitae, nº2, 8
“As crianças são uma bênção de Deus.”
William Shakespeare
(1564 – 1616, dramaturgo inglês)
“Cada criança é preciosa. Cada criança é uma criatura de
Deus.”
Beata Madre Teresa
Planeamento Familiar Natural
Recorre aos métodos de regulação da procriação que utilizam
os sinais da fecundidade cíclica da mulher e o conhecimento da fecundidade do
homem e da mulher (método simpto-termal), a fim de se alcançar uma gravidez
desejada ou evitar uma indesejada.
Pergunta 423 – Como encara a Igreja a “barriga de aluguer” e
a inseminação artificial?
Tudo o que, na investigação e na medicina, ajuda a concepção
de uma criança deve terminar quando a comunhão dos pais é diluída e destruída
por uma terceira pessoa ou quando a concepção se torna uma acção técnica
exterior à união sexual matrimonial.
Em respeito pela dignidade humana, a Igreja recusa a
concepção de uma criança por inseminação heteróloga ou homóloga. Cada criança
tem de Deus o direito de ter um pai e uma mãe, de conhecer esse pai e essa mãe
e de se desenvolver no âmbito amoroso de ambos. A inseminação artificial com o
sémen de um homem estranho (inseminação heteróloga) destrói o espírito do
matrimónio, no qual o homem e a mulher têm o direito de se tornarem pai e mãe
através do respectivo cônjuge. Mas também a inseminação homóloga (quando o
sémen provém do marido) faz da criança um produto de um procedimento técnico e
não permite que ela surja da unidade amorosa num encontro sexual pessoal.
Quando uma criança se torna um produto, coloca-se imediatamente a cínica
questão da qualidade e da responsabilidade pelo produto. A Igreja também
rejeita o diagnóstico genético pré-implantatório, realizado com o fim de
excluir embriões imperfeitos. Finalmente, contradiz também a dignidade humana a
“barriga de aluguer”, em que o embrião artificialmente gerado é colocado no
útero de uma mulher estranha.
Pergunta 424 – O que é o adultério? É correcto o divórcio?
O adultério consiste em duas pessoas se tornarem íntimas,
sendo pelo menos uma delas casada com uma outra. O adultério é a traição
fundamental no amor, a ruptura de uma aliança feita diante Deus e uma injustiça
para com o próximo. O próprio Jesus determinou expressamente a
indissolubilidade do matrimónio: «O que Deus uniu, o homem não deve separar.»
(Mc 10, 9) Invocando a vontade original do Criador, Jesus abolia, assim, o
divórcio tolerado no Antigo Testamento.
A promessa encorajadora desta mensagem de Jesus é: “Vós
tendes, como filhos do Pai celeste, a capacidade para um amor para toda a
vida!” No entanto, não é coisa simples manter-se uma vida inteira fiel ao seu
parceiro. As pessoas não devem ser julgadas pelo matrimónio que fracassou.
Porém, têm séria culpa os cristãos que recorreram pusilanimemente ao divórcio;
eles pecam contra o amor de Deus, que Se torna visível no matrimónio, contra o
amor de Deus, que Se torna visível no matrimónio, contra o cônjuge e contra os
filhos abandonados. Um cônjuge fiel pode, contudo, retirar-se de uma relação
matrimonial insuportável; em caso de necessidade, o divórcio civil pode também
ser indispensável. Em casos justificados , a Igreja pode rever a validade do
matrimónio num processo de declaração da nulidade matrimonial.
Pergunta 425 – O que tem a Igreja contra a “união livre”?
Para os católicos não existe matrimónio sem o casamento
eclesial, pelo qual Cristo entra na aliança do homem e da mulher e concede
generosamente graças e dons ao casal.
As pessoas mais velhas acham, por vezes, que têm de dar
conselhos aos mais novos: 1. Que estes não devem mexer no lema matrimonial “com
vestido de noiva e para sempre”; 2. Que o matrimónio (no dizer dos jovens…) é
algo parecido com uma união precipitada de bens, perspectivas e boas intenções,
com promessas insustentáveis, publicamente prestadas. O matrimónio cristão não
é, todavia, uma burla, mas o maior dom que Deus pode ter pensado para duas
pessoas que se amam. É o próprio Deus que os une numa profundidade que nem eles
conseguem alcançar. Jesus Cristo, que disse «Sem Mim nada podeis fazer» (Jo 15,
5), está sempre presente na vida matrimonial. Ele é “o amor no amor” dos
noivos. A Sua força está disponível quando a força dos amados aparentemente se
esgota. Por isso, o sacramento do matrimónio é tudo menos a assinatura de um
papel. É como um barco para onde podem saltar os que se amam, um barco que o
noivo e a noiva sabem conter combustível suficiente para, com a ajuda de Deus,
chegarem à meta dos seus sonhos. Se hoje muitos dizem que não faz mal ter sexo
sem compromisso antes e fora do matrimónio, a Igreja convida a resistir clara e
fortemente a esta pressão social.
“Não vos esqueçais de que há muitas mulheres, muitos homens
neste mundo que não têm o que vós tendes! Pensai em amá-los, até que doa!”
Beata Madre Teresa quando recebeu o Prémio Nobel da Paz
“Todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já
cometeu adultério com ela no coração.”
Mt 5, 28
“A fidelidade ou é sempre absoluta ou não é nada.”
Karl
Jaspers (1883-1969, filósofo alemão)
“Diz apenas «sim», quando é «sim»; e «não» quando é «não». O
que disseres para além disto vem do Maligno.”
Mt 5, 37
“Recebo-te por meu esposo / por minha mulher, ______________
e prometo ser-te fielna alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te
e respeitando-te todos os dias da minha vida.”
Fórmula do sacramento do
Matrimónio
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