20 março 2012

Conto LXXIII

O Tinteiro e a Caneta



No escritório dum poeta havia um tinteiro que se considerava demasiado importante. Dizia:
- É incrível como saem de mim coisas tão maravilhosas! Apenas com uma gota da minha tinta se enche uma página de belas poesias. E quantas coisas magníficas as pessoas podem ler!
A caneta, colocada ao lado do tinteiro, ao ouvir estas palavras tão orgulhosas, ficou ressentida. E replicou:
- Tinteiro maluco, não compreendes que tu apenas pões a matéria-prima? Quem escreve sou eu, a caneta!
Nisto chegou o poeta, que tinha ido a um concerto de música clássica. A música tinha-o inspirado. Pegou na caneta, molhou-a no tinteiro e escreveu:
«Como seriam néscios o arco e o violino se pensassem que são apenas eles que tocam! Se não fosse o talento do violinista, não ouviríamos tão belas melodias!»

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