*Nono Mandamento: Não cobiçarás a mulher do teu próximo!*
Pergunta 462 – Porque se dirige o nono Mandamento contra a
avidez sexual?
O nono mandamento dirige-se não contra o desejo em si, mas
contra uma apetência desordenada. A “avidez” de que a Sagrada Escritura previne
é o domínio dos instintos sobre o espírito, a dominação dos impulsos sobre a
totalidade da pessoa e a pecaminosidade daí suscitada.
A atracção erótica entre um homem e uma mulher foi criada
por Deus e é, consequentemente, boa; pertence ao ser sexual e à constituição
biológica do ser humano. Ela procura unir o homem e a mulher um com o outro,
fazendo nascer a descendência do seu amor. Esta união deve ser protegida pelo
nono Mandamento. Jogando com o fogo, isto é, lidando negligentemente com a
crepitação erótica entre homem e mulher, podem ser colocados em risco o
casamento e a família.
Pergunta 463 – Como se chega à “pureza do coração”?
A pureza do coração, necessária para o amor, atinge-se, em
primeiro lugar, pela união com Deus, na oração. Quando a graça de Deus nos
toca, surge um caminho para o amor humano puro e indiviso. Uma pessoa
casta pode amar com um coração sincero e
inteiro.
Quando nos dedicamos a Deus com intuito puro, Ele transforma
o nosso coração Ele dá-nos a força para corresponder à Sua vontade e para
afastar pensamentos, fantasias e desejos impuros.
Pergunta 464 – Qual é a utilidade do pudor?
O pudor protege o espaço íntimo da pessoa, isto é, o seu
mistério, o que tem de mais próprio e interior, a sua dignidade; acima de tudo,
defende a sua capacidade para o amor e a entrega erótica. Ele remete para
aquilo que deve ser o amor.
Muitos jovens cristãos vivem num ambiente em que tudo é
mostrado como evidente e o sentimento do pudor é sistematicamente desaprendido.
Mas a impudência é inumana. Os animais não conhecem sentimentos de pudor; pelo
contrário, no ser humano, é um distintivo essencial. O pudor não esconde uma
coisa sem valor, mas protege algo valioso, isto é, a dignidade da pessoa na sua
capacidade para amar. O sentimento de pudor encontra-se em todas as culturas,
ainda que sob diferentes formas. Não tem nada a ver com beatice ou educação
frustada. O ser humano também tem vergonhados seus pecados e de outras coisas
cuja divulgação o aviltariam. Quem, mediante palavras, olhadelas, gestos e
actos, fere o sentimento de pudor natural de uma outra pessoa rouba-lhe a
dignidade.
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!”
Mt 5, 8
“As obras da carne são bem conhecidas: luxúria, imoralidade,
libertinagem, idolatria, feitiçaria, […] Como já vos disse, os que praticam
estas acções não herdarão o Reino de Deus.”
GL 5, 19-21
“Portanto, fazei morrer o que em vós é terreno: imoralidade,
impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é uma idolatria.”
CL 3, 5
“O pudor existe por toda a parte onde há mistério.”
Friedrich Nietzsche (1844-1900, filósofo alemão)
*Décimo Mandamento: Não cobiçarás os bens do teu próximo!*
Pergunta 465 – Que atitude deve ter um cristão relativamente
à propriedade alheia?
Um cristão deve aprender a distinguir as ambições razoáveis
dos desejos insensatos e injustos, adquirindo uma atitude interior de respeito
pelos bens alheios.
Do desejo voraz resultam a avareza, o roubo, o furto, a
fraude, a violência, a injustiça, a inveja e a ânsia desmedida pela posse da
riqueza alheia.
Pergunta 466 – O que é a inveja e como pode ser combatida?
A inveja é o ciúme e a fúria de quem vê a prosperidade dos
outros e deseja apoderar-se injustamente do que eles têm. Quem deseja mal aos
outros peca gravemente. A inveja diminui à medida que a pessoa procura cada vez
mais alegrar-se com as conquistas e os dons dos outros, quando ela crê na
benévola providência de Deus também para si e quando ela dirige o seu coração
para a verdadeira riqueza, que consiste no facto de já participarmos em Deus
pelo Espírito Santo.
Pergunta 467 – Por que motivo Jesus exige de nós a “pobreza
de coração”?
«Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos
enriquecer com a Sua pobreza.»
Também os jovens têm a experiência do vazio interior. Mas
ser pobre de coração pode até ser bom. De facto, só tenho de procurar, de todo
o coração. Aquele que pode encher o meu vazio, transformando a minha pobreza em
riqueza. Por isso, Jesus disse: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque
deles é o Reino dos Céus!» (MT 5, 3)
Pergunta 468 – Que realidade devia o ser humano desejar
mais?
O último e maior desejo do ser humano só pode ser Deus.
Vê-l’O, o nosso Criador, Senhor e Redentor, seria uma infinita felicidade.
“Não cobiçarás a casa do teu próximo; não desejarás a mulher
do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento,
nem coisa alguma que lhe pertença!”
Ex 20, 17
“Pois, como a ferrugem o ferro, assim o ciúme consome a alma
que está apegada a ele.”
Regra de São Basílio Magno (329 – 379, padre e doutor
da igreja)
“Não odeies ninguém! Não sejais invejosos! Não ajais por
inveja! Não ameis o conflito! Fugi da arrogância!”
Regra de São Bento de Núrsia
“O abismo infinito do ser humano só se pode encher com algo
infinito e constante, que é o próprio Deus.” Blaise Pascal
“Nem mesmo Deus poderia fazer algo por alguém que não Lhe dá
espaço. Devemos estar completamente vazios, para O deixar entrar, para que Ele
faça o que quer.”
Beata Madre Teresa