13 dezembro 2012

14. Youcat (Frases, Perguntas e suas Respostas)


Como Devemos Orar
Pergunta 469 – O que é a Oração?
Estamos em oração quando o nosso coração se dirige a Deus. Quando uma pessoa ora, entra numa relação viva com Deus.
A oração é a porta para a fé. Quem ora deixa de viver de si, para si e a partir da própria força. Ele sabe que há um Deus com quem pode falar. Uma pessoa que ora entrega-se cada vez mais a Deus. Ela procura desde já a união com Aquele com quem, cara a cara, se encontrará um dia. Por isso, pertence à vida cristã o esforço pela oração diária. Porém, não se aprende a orar como se aprende uma técnica. Embora isso soe estranho, orar é um dom que se obtém na oração.

Pergunta 470 – Que sentido tem a oração para uma pessoa?
Nós oramos porque temos um desejo completamente infinito e porque Deus nos criou para Si: «O nosso coração está irrequieto até encontrar o descanso em Ti.» (Santo Agostinho) Mas também oramos porque temos a necessidade; assim disse a Madre Teresa: «Porque não me posso abandonar a mim mesma, abandono-me a Ele 24 horas por dia.»
Esquecemos Deus frequentemente, afastamo-nos e escondemo-nos d’Ele. Mesmo que evitemos pensar em Deus, mesmo que O neguemos. Ele está sempre disponível para nós. Ele procura-nos, antes de O procurarmos; Ele anseia por nós. Ele chama-nos. Ao falarmos com a nossa consciência, notamos repentinamente que falamos com Deus. Ao sentirmo-nos sós, sem ninguém com quem falarmos, notamos que Deus está sempre disposto a conversar. Quando nos vemos em perigo, notamos que Deus respondeu ao nosso pedido de ajuda. Orar é tão humano como respirar, comer, amar. Orar purifica. Orar possibilita a resistência contra as tentações. Orar fortalece na fraqueza. Orar tira a angústia, duplica as forças, permite uma respiração mais profunda. Orar torna-nos felizes.

“O desejo de orar já é oração.” 
Georges Bernanos (1888 – 1948, escritor francês)

“Faz o que podes e reza pelo que não podes, para que Deus permita que o possas.” 
Santo Agostinho

“Eles deviam procurar a Deus e esforçar-se realmente para O atingir e encontrar. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós.” 
ACT 17, 27

“Orar não consiste em ouvir-se a falar; orar consiste em ficar em silêncio, estar e esperar em silêncio até ouvir Deus.” 
Soren Kierkegaard

“De repente, compreendi o silêncio como uma presença. No coração deste silêncio estava Ele, que é todo silêncio, paz e abandono.” 
Georges Bernanos

“Em minha opinião, a oração mental não é mais do que tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama.” 
Santa Teresa de Ávila

Pergunta 474 – De que modo Jesus aprendeu a orar?
Jesus aprendeu a rezar na Sua família e na sinagoga. Porém, Jesus rebentou com as fronteiras da oração tradicional. A Sua oração mostra uma união com o Pai do Céu, que só pode possuir quem é “Filho de Deus”.
Jesus, que é simultaneamente Deus e homem, cresceu, como as outras crianças israelitas do Seu tempo, com os ritos e as formas de oração do Seu povo. Porém, tal como se manifestou na história de Jesus no Templo, ao atingir os 12 anos (Lc 2, 41-50), havia n’Ele algo que não podia ter sido aprendido: uma ligação originária, profunda e única com Deus, o Pai de Céu. Jesus tinha, como todas as pessoas, a esperança de um outro mundo, e orava a Deus a partir disso; ao mesmo tempo, portanto, Ele tornava-Se parte desse outro mundo. Aqui já se notava que um dia se oraria a Jesus, reconhecendo-O como Deus e pedindo-Lhe a Sua graça.

“Contemplata aliis tradere (Transmite aos outros o que contemplaste!)" 
Lema dos Dominicanos

Salmo de David
O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma. Ele me guia por sendas direitas por amor de Seu nome. Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: o Vosso cajado e o Vosso báculo me enchem de confiança. […] 
SL 23

“Orar significa pensar em Jesus com amor. A oração é a atenção da alma que se concentra em Jesus. Quanto mais uma pessoa ama Jesus, tanto melhor ela ora.” 
Beato Charles de Foucauld

Pergunta 475 – Como orava Jesus?
A vida de Jesus era uma oração única. Em momentos decisivos, como a tentação no deserto, a escolha dos Apóstolos e a crucifixão, a Sua oração era especialmente intensa. Com frequência, sobretudo à noite, Ele retirava-Se na solidão, para orar. Ser um com o Pai, no Espírito Santo, era o fio condutor da Sua vida terrena.

Pergunta 476 – Como orou Jesus perante a Sua morte?
Perante a morte, Jesus viveu toda a profundidade da angústia humana. Porém, Ele encontrou a força para também nesse momento confiar no Pai celeste: «Abbá, Pai, tudo Te é possível: afasta de Mim este cálice! Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres!»
“A necessidade ensina a orar.” Quase todas as pessoas têm a experiência disso. Como orou Jesus perante a ameaça da morte? O que nessa altura O orientou foi a absoluta disponibilidade para crer no amor e no cuidado do Pai. No entanto, Jesus proferiu a mais abissal de todas as orações, retirada das orações judaicas para a chegada da morte: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (SL 22, 1;CF Mc 15, 34). Estão implícitos nesta frase do Crucificado todo o desespero, toda a lamúria, todo o grito das pessoas de todos os tempos, assim como o desejo da mão auxiliadora de Deus. Ao dizer «Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito» (Lc 23, 46), Jesus entregou o Seu espírito. Aqui ressoa a confiança infinita no Pai, cujo poder conhece o caminho para superar a morte. Assim, a oração de Jesus a morrer antecipa a vitória pascal na Sua ressurreição.

Pergunta 478 – Como podemos ter a certeza de que a nossa oração é ouvida por Deus?
Muitas das pessoas que pediram a cura a Jesus, durante a Sua vida terrena, foram escutadas. Jesus, que ressuscitou da morte, vive e ouve os nossos pedidos, levando-os ao Pai.
Jairo, um dos principais da sinagoga, implorou ajuda a Jesus e foi por Ele ouvido. A sua pequena filha estava doente, quase a morrer. Jesus curou a sua filhinha ou ressuscitou-a dos mortos (Mc 5, 21-43). De Jesus procedem muitas curas, testemunhadas com segurança. Ele operou sinais e milagres. Não em vão, pediam a cura a Jesus, paralíticos, leprosos e cegos. Também todos os santos da Igreja testemunham que a sua oração foi escutada. Muitos cristãos narram que chamaram por Deus e que Deus os ouviu. Não obstante, Deus não é autómato; temos de deixar ao Seu critério o corresponder ou não ao nosso pedido.

“Eu e o Pai somos um.” 
Jo 10, 10

“Jesus reza o Salmo 22, que começa com as palavras: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?» (SL 22, 2) Ele assume, em Si, todo o Israel sofredor, toda a humanidade sofredora, a necessidade provocada pela sua incerteza de Deus, e deixa que Deus apareça onde Ele parece ausente e onde finalmente triunfa.” 
Via-Sacra de Sexta-feira Santa com Bento XVI, 2005

“Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebeste, e assim sucederá.” 
Mc 11, 24

“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo! E teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.” 
Mt 6, 6

“Nem todo aquele que Me diz «Senhor! Senhor!» entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus.” 
Mt 7, 21

Pergunta 480 – Como é a oração Ave-Maria?
Ave Maria, cheia de graça,
O Senhor é convosco,
Bendita sois vós entre as mulheres
E bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte! Amen.

Pergunta 481 – Como de reza o Rosário?
(1) Sinal da Cruz
(2) Cinco dezenas: enunciação de um mistério, Pai Nosso, dez Ave-Marias e o Glória.
(3) Três vezes a Ave-Maria
(4) Salve Rainha
O terço pode compreender os mistérios gozosos, os luminosos, os dolorosos ou os gloriosos, de acordo com o dia a ser recitado.
Mistérios gozosos
(Segunda-feira e Sábado)
A anunciação do anjo a Nossa Senhora.
A visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel.
O nascimento do Menino Jesus.
A apresentação do Menino Jesus no Templo.
O Menino Jesus perde-se e é encontrado no Templo.
Mistérios luminosos
(quinta-feira)
Jesus é batizado no rio Jordão.
Jesus revela-Se na bodas de Caná.
Jesus anuncia o Reino de Deus com o convite à conversão.
Jesus transfigura-Se no cimo do monte Tabor.
Jesus institui a Eucaristia.
Mistérios dolorosos
(terça-feira e sexta-feira)
A oração de Jesus no horto.
A flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus é coroado de espinhos.
Jesus leva a cruz aos ombros.
A crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mistérios gloriosos
(quarta-feira e domingo)
A ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A ascensão de Jesus ao Céu.
A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
A assunção de Nossa Senhora.
A coroação de Nossa Senhora no Céu, como Rainha do Céu e da Terra.

“Chama Maria com fervor e ela não deixará de lado a tua necessidade, pois ela é misericordiosa ou, melhor, a mãe da misericórdia.” 
São Bernardo de Claraval

Pergunta 483 – Quais são os cinco principais tipos de oração?
Os cinco principais tipos de oração são a bênção, a adoração, a oração de súplica e de intercessão, a oração de acção de graças e a oração de louvor.

Pergunta 484 – O que é uma oração de bênção?
Uma oração de bênção é uma oração que invoca sobre nós a bênção de Deus. É de Deus que advém toda a bênção. A bênção é a Sua bondade, a Sua proximidade, a Sua misericórdia. «O Senhor te abençoe!» é a mais curta fórmula de bênção.
Cada cristão deve invocar a bênção de Deus para si e para as outras pessoas. Os pais podem fazer aos filhos, na testa, o sinal da cruz. As pessoas que se amam podem abençoar-se mutuamente. Em virtude do seu serviço, os sacerdotes abençoam em nome de Jesus expressamente e por encargo da Igreja; a sua bênção torna-se especialmente efectiva por causa da sua ordenação e pela força da oração da Igreja inteira.

Pergunta 486 – Por que motivo devemos pedir a Deus?
Deus, que nos conhece a fundo, sabe de que precisamos. No entanto, Deus quer que “peçamos”: que nas necessidades da nossa vida nos viremos para Ele, gritemos por Ele, supliquemos, nos lamentemos, O chamemos e até discutamos com Ele na oração.
É evidente que Deus, para nos ajudar, não precisa das nossas súplicas. A atitude de pedir deve ser tomada sobretudo por nossa causa, pois quem não pede e não quer pedir fecha-se a si mesmo. Só a pessoa que pede regressa à casa de Deus. Portanto, a oração de súplica leva o ser humano à correcta relação com Deus, que respeita a nossa liberdade.

Rosário (lat. Rosarium=rosal, campo de rosas)
É o nome de uma corrente usada na oração e, ao mesmo tempo, um exercício de oração nascido no século XII entre os cistercienses e cartuxos, cujos irmãos leigos não participavam na Liturgia das Horas, celebrada em língua latina, mas tinham no Rosário uma forma própria de oração (saltério mariano). Mais tarde, o Rosário foi fomentado por várias ordens, sobretudo a dos dominicanos. Os Papas recomendaram constantemente esta oração, que goza de uma grande estima por parte de muitas pessoas.

“Quero que continueis a rezar o terço todos os dias. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores!” Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, 19.08.1917

“Tudo está na bênção de Deus.” 
Provérbio alemão

“Tu serás uma bênção.” 
GN 12, 2

“O Senhor te abençoe e te proteja! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua face e te seja favorável! O Senhor volte para ti os Seus olhos e te conceda a paz!” 
NM 6, 24 – 26

- O que exprimem os cristãos com as suas posturas orantes?
Os cristãos apresentam a Deus a sua vida através da linguagem corporal: eles estendem-se diante de Deus, juntam as mãos em oração ou abrem-nas, dobram o joelho ou ajoelham-se diante do Santíssimo Sacramento, ouvem o Evangelho de pé e meditam sentados.
De pé diante de Deus exprime-se respeito (levantamo-nos quando chega um superior) e, ao mesmo tempo, também alerta e disponibilidade (estamos prontos para nos fazermos ao caminho). Aqui, o orante assume o gesto original do louvor quando estende as mãos para louvar Deus.
Sentado diante de Deus, o cristão escuta o seu interior e põe no seu coração a Palavra em movimento, contemplando-a (Lc 2, 51)
Ajoelhando-se, a pessoa faz-se pequena diante de grandeza de Deus, reconhecendo que depende da graça de Deus.
Estendendo-se no chão, a pessoa adora Deus.
Unindo as mãos, a pessoa abandona a dispersão e concentra-se, unindo-se a Deus. As mãos juntas também são o gesto original da súplica.

Pergunta 487 – Porque devemos pedir a Deus por outras pessoas?
Tal como Abraão pediu pelos habitantes de Sodoma, tal como Jesus orou pelos Seus discípulos, tal como a primitiva comunidade não considerava «apenas o próprio bem-estar, mas o bem-estar dos outros» (FL 2,4), também os cristãos oram sempre por todos os que estão no seu coração, mesmo estando eles longe e mesmo sendo eles seus inimigos.
Quando mais uma pessoa aprende a orar, tanto mais profundamente sente que está ligada a uma família espiritual através da qual a força da oração se torna eficaz. Com toda a minha preocupação pelas pessoas que amo, estou dentro da família humana; por isso, posso receber a força da oração dos outros e invocar para os outros a ajuda divina.

Pergunta 488 – Porque devemos agradecer a Deus?
Tudo o que somos e temos provém de Deus. São Paulo diz: «Que tens tu que não tenhas recebido?» (1Cor 4,7) Ser grato a Deus, o dador de tudo o que é bom, dá felicidade.
A maior oração de acção de graças é a Eucaristia de Jesus, em que Ele toma o pão e o vinho para aí apresentar a Deus toda a Criação transformada. Todo o agradecimento do cristão está em harmonia com a grande acção de graças de Jesus. De facto, também nós somos transformados e redimidos por Jesus; assim, podemos ser gratos do mais profundo do coração, dizendo-o a Deus das mais variadas formas.

“Creio que só se entende uma igreja quando se ajoelha nela.” 
Reinhold Schneider

“Rezar por alguém significa enviar-lhe um anjo.” 
Martin Luther

“Tem mesmo de haver pessoas que orem também por aqueles que nunca oram.” 
Victor Hugo (1802-1885, escritor francês ateísta)

Pergunta 490 – É suficiente orar quando se sente vontade?
Não. Quem ora apenas quando tem vontade ou está bem-disposto e não leva Deus a sério desaprende a orar. A oração vive da fidelidade.

Pergunta 494 – Como pode o meu dia-a-dia tornar-se uma escola de oração?
Cada acontecimento, cada encontro pode tornar-se um impulso para a oração, pois quanto mais profundamente vivemos em união com Deus, tanto mais profundamente entendemos o mundo à nossa volta.
Quem, logo de manhã, procura a união com Jesus pode tornar-se uma bênção para as pessoas que vai encontrar, mesmo os seus adversários e inimigos. Ao longo do dia, ele lança ao Senhor toda a sua preocupação. Tendo mais paz dentro de si, irradia-a. Ele faz os seus juízos e toma as suas decisões perguntando a si mesmo o que faria Jesus naquele momento. Supera a angústia através da proximidade a Deus e não vacila em situações desesperantes. Ele leva em si a paz do Céu e transmite-a ao mundo. É grato e alegre por aquilo que é belo, mas suporta também as dificuldades que enfrenta. Esta atenção a Deus é possível também no âmbito da escola, da universidade e do trabalho.

“Dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus!” 1TS 5, 18

“Não são as pessoas felizes que são gratas; são as pessoas gratas que são felizes.” 
Francis Bacon (1561 – 1626, filósofo e estadista inglês)

“Pelo passado, obrigado! Pelo futuro, assim seja!” 
Dag Hammarskjold

Pergunta 498 – Pode orar-se em qualquer lugar?
Sim, pode orar-se em qualquer lugar. No entanto, um católico também procura os locais onde Deus “habita de um modo especial”, em particular as igrejas católicas, onde nosso Senhor, no Sacrário, está presente sob a espécie do pão.
É muito importante que oremos em qualquer parte: na escola, no metro, durante uma festa, no meio dos amigos. Todo o mundo deve ser impregnado de bênção. Também é importante, porém, visitar os lugares sagrados nos quais Deus, em certa medida, espera por nós, para descansarmos junto d’Ele e sermos, por Ele, fortalecidos, preenchidos e enviados. Um verdadeiro cristão nunca faz uma visita turística quando entra numa igreja; ele permanece um momento em silêncio, adora Deus e renova a sua amizade e o seu amor com Ele.

“O Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza.” 
RM 8, 26ª

“Se procuras Deus e não sabes por onde começar, aprende a orar e esforça-te por orar diariamente.” 
Beata Madre Teresa

Pergunta 499 – Quando se deve orar?
Desde os tempos mais remotos, os cristãos oram de manhã, às refeições e à noite. Quem não ora regularmente deixará de orar em pouco tempo.
Quem ama uma pessoa e não lhe dá, durante todo o dia, um único sinal do seu amor não a ama a sério. O mesmo acontece com Deus. Quem realmente O busca dá-Lhe sinais constantes do seu desejo de proximidade e amizade. De manhã, levanta-se e oferece o seu dia a Deus, pede a Sua bênção e solicita a Sua presença para todos os encontros e necessidades do dia. Dá.Lhe graças, sobretudo por ocasião das refeições. E, no fim do dia, coloca-Lhe tudo nas mãos, pede-Lhe perdão e paz para si e para os outros. Um dia fixe, cheio de sinais de vida que chegaram a Deus!

Pergunta 500 – Há diversas formas de orar?
Sim, há a oração vocal, a lectio divina e a contemplação. As três formas de oração pressupõem a concentração do coração.

Pergunta 501 – O que é a oração vocal?
Orar é, antes de tudo, elevar o coração a Deus. Não obstante, o próprio Jesus ensinou a orar com palavras. No Pai Nosso, Ele deixou-nos, como Seu testamento e modelo, a oração vocal perfeita.
Na oração, não devemos ter simplesmente pensamentos piedosos. Devemos também “exprimir” o que vai no nosso coração, apresentando-o a Deus como lamentação, pedido, louvor ou agradecimento. Com frequência, são as grandes orações vocais – os salmos e os cânticos da Sagrada Escritura, o Pai Nosso, a Ave-Maria – que nos levam aos verdadeiros conteúdos da oração livre e íntima.

Pergunta 502 – Qual é a essência da lectio divina?
A essência da lectio divina é uma busca orante que emana de um texto ou de uma imagem sagrada e implica uma pesquisa sobre a vontade, os sinais e a presença de Deus.
Não podemos “ler” imagens e textos sagrados como lemos um jornal que não nos diz directamente respeito. Devemos contemplá-los, isto é, elevar o nosso coração a Deus e dizer-Lhe que, nesse momento, estamos totalmente abertos ao que Ele nos quer transmitir através do texto lido ou da imagem observada.

“[Através da oração] atingimos, de forma espiritual, toda a Criação de Deus, desde os planetas mais longínquos até às profundezas do oceano, uma solitária capela de mosteiro e uma igreja abandonada, uma clinica abortiva numa cidade e a cela de prisão numa outra […], e até o Céu e o portão do inferno. Estamos unidos a cada pedaço da Criação. Oramos com cada criatura, para que todas, pelas quais foi derramado o sangue do Filho de Deus, sejam salvas e santificadas.” 
Beata Madre Teresa

“Devíamos mais frequentemente lembrar-nos de Deus do que respirar.” 
São Gregório de Nazianzo

“Há muitos caminhos de oração. Uns vão por um, outros vão por todos. Há momentos de viva certeza: Cristo está presente, Ele fala no nosso íntimo. Noutros momentos, Ele cala-Se, torna-Se um desconhecido que está longe… Para todos, a oração, nas suas infinitas variações, permanece o trânsito para uma vida que provém não de nós mesmos, mas de Outrem.” 
Irmão Roger Schutz

“A fé não se perde. Ela simplesmente deixa de dar forma à vida.” 
Georges Bernanos

Pergunta 503 – O que é a contemplação?
A contemplação é amor, silêncio, escuta, presença diante de Deus.
Para a contemplação são necessários tempo, determinação e, sobretudo, um coração puro. É a entrega humilde e pobre de uma criatura que, deixando cair todas as máscaras, crê no amor e procura o seu Deus com o coração. A contemplação é também frequentemente designada por “oração íntima” ou “oração do coração”.

Pergunta 504 – O que procura um cristão atingir com a meditação?
Na meditação, o cristão procura a tranquilidade, para fazer a experiência da proximidade de Deus e encontrar paz na Sua presença. Ele espera sentir a Sua presença como um imerecido dom da graça; portanto, ele não a acolhe como um produto garantido de uma determinada técnica meditativa.
A meditação pode ser uma importante ajuda tanto para a fé como para o fortalecimento e amadurecimento da pessoa humana. As técnicas que prometem uma experiência de Deus, ou até uma união espiritual com Ele, são um engano. Por causa dessas falsas promessas, muitas pessoas acham que Deus as abandonou, pois não O conseguem sentir. Porém, não Se pode forçar Deus com determinados métodos. Ele comunica-Se a nós quando e como quer.

Pergunta 505 – Por que motivo a oração é por vezes uma luta?
Os mestres espirituais de todos os tempos descreveram o crescimento na fé e no amor a Deus como uma luta na qual se decidem a vida e a morte. O local da batalha é o interior do ser humano. A arma do cristão é a oração. Podemos ser vencidos pelo nosso egoísmo, podemos perder-nos com ninharias – ou ganhar Deus.
Quem quer orar tem muitas vezes de vencer o velhaco que tem no seu interior. Aquilo que hoje em dia designamos por “estar aborrecido” já conheciam os Padres do deserto como “inércia” (ou acídia). O desinteresse do Deus é um grande problema na vida espiritual. O espirito desta época também não encontra sentido na oração, pelo que não lhe deixa lugar na agenda. É necessário também lutar contra o Tentador, que tudo empreende para desviar o ser humano da entrega a Deus. Se Deus não quisesse que O encontrássemos na oração, não ganharíamos a batalha.

Pergunta 506 – É a oração uma forma de monólogo?
Distintivo da oração é precisamente o facto de que transitamos de um “eu” para um “Tu”, da referência a si mesmo para uma abertura radical. Quem realmente ora faz a experiência de que Deus fala – e que frequentemente diz algo diferente do que desejávamos e esperávamos.
As pessoas experientes em oração narram-nos que muitas vezes saem de um momento de oração diferentes do que eram quando nele entraram. Às vezes, as expectativas são satisfeitas: estamos tristes e somos consolados; estamos desanimados e obtemos novas forças. Mas também pode acontecer desejarmos esquecer aflições mas passarmos a uma inquietação ainda mais profunda, querermos sossego mas recebermos uma missão. Um verdadeiro encontro com Deus, como acontece sempre na oração, abre-nos caminhos às vezes inesperados.

“Enquanto vivemos, lutamos; se continuamos a lutar é sinal de que não nos rendemos e de que o Espírito bom habita em nós. E se a morte não te encontrar como vencedor, deve encontrar-te como lutador.” 
Santo Agostinho

“Devemos ter uma santa audácia, pois Deus ajuda quem é corajoso e não faz acepção de pessoas.” 
Santa Teresa de Ávila

“Aqui pelejam Deus e o diabo, e o campo de batalha é o coração humano.” 
Fiodor M. Dostoiévski em Os Irmãos Karamazov

“Reza-se como se vive, porque se vive como se reza.” 
CCC, 2725

“Orar significa mais escutar que falar. Contemplar significa mais ser olhado que olhar.” 
Carlo Caretto (1910-1988, escritor italiano, místico e “pequeno irmão de Jesus”)

Pergunta 508 – O que significa não sentir nada na oração ou até sentir uma aversão à oração?
Qualquer pessoa que ora tem experiências como a distracção na oração, o sentimento de vazio interior, a aridez e mesmo a aversão à oração. Perseverar na fidelidade é já oração.
Até Santa Teresa de Lisieux passou muito tempo sem sentir o amor de Deus. Pouco antes da sua morte, foi visitada à noite pela sua irmã Céline. Ela viu que Teresa tinha entrelaçado as mãos, «Que fazes? Devias tentar dormir!», julgava Céline. «Não consigo. Estou a sofrer muito. Mas estou a orar», respondeu Teresa. «E que dizes a Jesus?» - «Não Lhe digo nada. Amo-O.»

Pergunta 509 – Será a oração uma fuga da realidade?
Quem ora não foge da realidade, mas abre os olhos para toda a realidade. Do próprio Deus, todo-poderoso, recebe a força de perseverar na realidade.
Orar é como ir a uma estação de serviço onde o combustível é gratuito para toda a longa estrada e onde até se encontram desafios radicais para a viagem. A oração não leva para fora da realidade, mas introduz profundamente nela. Orar não rouba tempo, mas duplica o tempo restante, enchendo-o de sentido a partir do seu interior.

“Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.” 
TG 4, 2-3

“O melhor remédio contra a aridez espiritual consiste em colocarmo-nos como pedintes na presença de Deus e dos santos, e andar, como um pedinte, de um canto para o outro, rogando uma esmola espiritual com a mesma impertinência com que um pobre pede esmolas.” 
São Filipe Néri (1515-1595, apóstolo de Roma e fundador da Congregação do Oratório)

Pai Nosso
Pergunta 511 – Como é o Pai Nosso?
Pai nosso, que estais nos Céus,
Santificado seja o Vosso nome,
Venha a nós o Vosso Reino,
Seja feita a Vossa vontade
Assim na terra como no Céu!
O pão nosso de cada dia nos dia hoje,
Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido,
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal!
Amen.
O Pai Nosso é a única oração que Jesus deixou aos Seus discípulos (MT 6, 9-13; LC 11, 2-4), daí que também o Pai Nosso se chame a “oração do Senhor”. Os cristãos de todas as confissões cristãs rezam-na diariamente, tanto comunitária como privadamente. A adição «Porque Vosso é o Reino e o poder e a glória para sempre!» está já mencionada na Doutrina dos Doze Apóstolos (Didaché, ca.150 d. C.) e pode ser acrescentada ao Pai Nosso.

Pergunta 512 – Como surgiu o Pai Nosso?
O Pai Nosso surgiu do pedido de um discípulo de Jesus, que viu o seu Mestre a orar e queria aprender, com o próprio Jesus, a orar correctamente.

Pergunta 513 – Que estrutura tem o Pai Nosso?
O Pai Nosso compõe-se de sete pedidos ao misericordioso Pai do Céu. Os três primeiros pedidos referem-se a Deus e à forma correcta como O servimos. Os últimos quatro pedidos levam ao nosso Pai do Céu as nossas necessidades humanas básicas.


“Considera que Deus está presente entre as panelas e as frigideiras e que Ele está ao teu lado nas tarefas interiores e exteriores.” 
Santa Teresa de Ávila

Pergunta 515 – De onde nos vem a confiança de chamar “Pai” a Deus?
Temos a ousadia de chamar “Pai” a Deus porque Jesus nos chamou à Sua intimidade e fez de nós filhos de Deus. Em comunhão com Ele, que «está no seio do Pai» (Jo 1, 18), podemos gritar «Abbá, Pai!»


Pergunta 516 – Como pode uma pessoa chamar “Pai” a Deus, se ela foi maltratada ou abandonada pelo(s) seu(s) pai(s) biológico(s)?
A atitude dos pais biológicos ou adoptivos prejudica frequentemente a concepção de um Deus bom. Porém, aquilo que o nosso Pai do Céu é não corresponde exactamente às experiências que temos com os nossos pais. Temos de purificar a nossa imagem de Deus de todas as nossas ideias, para nos podermos encontrar com Ele numa confiança incondicional.
Mesmo quem foi violentado pelo próprio pai pode aprender a rezar o Pai Nosso. Com frequência, a sua missão vital é deixar-se cair nos braços de um amor que lhe foi negado cruelmente por algumas pessoas, mas que está disponível de um modo maravilhoso e acima de toda a compreensão humana.

Pergunta 519 – O que significa dizer «Santificado seja o Vosso nome»?
Santificar o nome de Deus significa coloca-l’O acima de tudo.
Na Sagrada Escritura, o “nome” refere-se à verdadeira essência da pessoa. Santificar o nome de Deus significa fazer a Sua vontade: reconhecê-l’O, louvá-l’O, proporcionar-Lhe estima e glória, e viver segundo os Seus mandamentos.

“Na oração do Senhor, dizemos todos em conjunto: «Pai nosso». Dizem o mesmo o imperador, o pedinte, o escravo, o senhor. São todos irmãos, pois têm o mesmo Pai.” 

Santo Agostinho

“Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da Terra!” 
CL 3, 2

“Na Terra, o Céu está por toda a parte onde as pessoas estão cheias de amor a Deus, ao seu próximo e a si mesmas.” 
Santa Hildegarda de Bingen

“O nome do Deus único deve tornar-se cada vez mais aquilo que é: um nome de paz e um mandamento de paz.” 
João Paulo II

Pergunta 520 – O que significa dizer «Venha a nós o Vosso Reino»?
Quando rezamos «Venha a nós o Vosso Reino», pedimos que Cristo retorne, tal como prometeu, e que o império de Deus, que já irrompeu entre nós, se imponha definitivamente.
Diz François Fénelon: «O Reino de Deus, que é totalmente interior, é querer tudo o que Deus quer, é querê-lo em todas as circunstâncias e sem limitações.»

Pergunta 521 – O que significa dizer «Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu»?
Quando oramos para que a vontade de Deus se imponha universalmente, pedimos que aconteça na Terra e no nosso próprio coração o que já acontece no Céu.
Enquanto insistirmos nos nossos próprios planos, na nossa vontade e nas nossas ideias, a Terra nunca se tornará no Céu. Um quer isto; outro, aquilo. Mas só encontraremos a nossa felicidade quando quisermos juntos o que Deus quer. Orar significa dar espaço na Terra, nanómetro a manómetro, à vontade de Deus.

Pergunta 522 – O que significa dizer «O pão nosso de cada dia nos dai hoje»?
Pedir o pão para o nosso dia-a-dia torna-nos pessoas que esperam da bondade do seu Pai do Céu tudo o que é necessário, tanto os bens materiais como os espirituais. Nenhum cristão deve fazer esse pedido sem pensar na sua responsabilidade real por aqueles a quem faltam os bens mais básicos deste mundo.

“Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.” 

TM 2, 4

“Pai do Céu, não peço saúde nem doença, nem vida nem morte, mas que disponhas da minha saúde e da minha doença, da minha vida e da minha morte, para a Tua glória e para a minha salvação. Só Tu sabes o que me é útil. Amen.” 
Blaise Pascal

“A total renuncia a si mesmo significa aceitar com um sorriso o que Ele dá e o que Ele tira… Dar sempre o que é pedido, quando serve o teu bom nome ou a tua saúde, significa total renúncia a si mesmo; então, serás livre.” 
Beata Madre Teresa

Pergunta 524 – O que significa dizer «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido»?
O perdão misericordioso que damos aos outros é inseparável daquele que nós próprios procuramos. Se não formos misericordiosos e não nos perdoarmos reciprocamente, a misericórdia de Deus não chegará ao nosso coração.
Muitas pessoas lutam uma vida inteira com o facto de não conseguirem perdoar. O profundo bloqueio da intransigência só se resolve na perspectiva de Deus, que nos acolheu «sendo nós ainda pecadores» (RM 5, 8). Perdão e vida reconciliada são possíveis porque temos um Pai bom.

Pergunta 525 – O que significa dizer «Não nos deixeis cair em tentação»?
Porque corremos a cada dia e a cada momento o risco de negarmos Deus e de pecarmos, pedimos a Deus que não nos deixe indefesos na violência da tentação.
O próprio Jesus, que foi tentado, sabe que somos pessoas fracas, que não conseguem resistir ao mal pelas próprias forças. Ele apresenta-nos, então, o pedido do Pai Nosso que nos ensina a confiar no auxílio de Deus na hora da provação.

Pergunta 526 – A quem se refere o pedido «Livrai-nos do mal»?
O “mal” no Pai Nosso não se refere a uma força ou uma energia espiritual negativa, mas ao mal em pessoa, que a Sagrada Escritura conhece pelos nomes de Tentador, Maligno, Pai da mentira, Satanás e Diabo.
Ninguém pode negar que, neste mundo, o mal é de uma violência devastadora, que somos rodeados de sugestões diabólicas, que na História decorrem por vezes processos demoníacos. Só a Sagrada Escritura chama as coisas pelos nomes: «Porque não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo.» (EF 6, 12) O pedido do Pai Nosso de nos livrar do mal apresenta a Deus toda a miséria deste mundo e imploro que Ele, o Omnipotente, nos liberte de todo o infortúnio.

Pergunta 527 – Porque terminamos o Pai Nosso com a palavra «Amen»?
Desde os tempos mais remotos, os judeus e os cristãos concluem as suas orações com «Amen», que significa «Sim, assim seja!»
Quando uma pessoa diz “Amen” às suas palavras, “Amen” à sua vida e à sua sorte, “Amen” à alegria que o espera, o Céu e a Terra unem-se e encontramo-nos na meta, isto é, junto do amor que nos criou ao princípio.


“Se alguém disser: «Amo a Deus» e odiar o seu irmão, é mentiroso. Quem não ama o seu irmão, que vê, não pode amar a Deus, que não vê.” 
1Jo 4, 20

“Há a fome do pão ordinário, mas também a fome de amor, de bondade e de atenção mútua – e esta é a grande pobreza que as pessoas hoje sofrem muito.” 
Beata Madre Teresa

“Sede sóbrios e vigiai! O vosso inimigo, o diabo, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé!”

“A maior falcatrua do Diabo é convencer-nos de que ele não existe.” 
Charles Baudelaire (1821 – 1867, poeta lírico francês)

“O «Amen» da nossa fé não é morte, mas vida.” 
Cardeal Michael Von Faulhaber

“Todos os dias o SOL nasce: não faltará. Assim também SENHOR todos os dias Tu serás a LUZ da nossa caminhada.” 
Anna Maria Cànopi

E assim cheguei ao fim deste livro, apenas quis partilhar as partes importantes e o que eu própria acho importante de salientar. É uma forma fácil de esclarecer dúvidas à cerca da Igreja Cristã.

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